Cinco anos após a anexação, Putin elogia a segurança energética da Crimeia
Moscou, 18 Mar 2019 (AFP) - O presidente Vladimir Putin inaugurou nesta segunda-feira (18) duas centrais elétricas construídas na Crimeia para levar "segurança energética" a esta península ucraniana, cinco anos após sua anexação pela Rússia, decisão condenada por Kiev e pela comunidade internacional, mas que foi celebrada por uma maioria de russos.
Em Sebastopol, o grande porto da Crimeia no Mar Negro, Putin assistiu à inauguração de uma central e, por videoconferência, inaugurou outra em Simferopol, capital da região.
Estas duas estruturas "são um importante passo" para o reforço "da segurança energética da península", comemorou o presidente russo.
Em 18 de março foi proclamado em todo o território russo "Festa da Reunificação entre Crimeia e Rússia".
As autoridades da cidade de Moscou planejaram um festival de rua batizado "Primavera da Crimeia" que incluirá concertos de jazz, oficinas de cozinha e uma mostra de fotografia a somente alguns passos do Kremlin.
Também se espera que até 10.000 pessoas participem, nesta segunda-feira, de um "flash mob" na região de Moscou ao ritmo do "Vals de Sebastopol", uma popular canção soviética de 1955 sobre esta cidade portuária de Crimeia onde está a base da frota da marinha russa no Mar Negro.
Em Ialta, estação balneária da Crimeia, está previsto que cerca de 2.000 pessoas participem de outro "flash mob" para recriar a bandeira russa.
- "Questão solucionada" -"Para nós, a questão da Crimeia está solucionada definitivamente", disse a porta-voz do Ministério russo das Relações Exteriores, Maria Zakharova, dias antes do aniversário.
"A reunificação com a Rússia foi resultado da livre vontade dos cidadãos da península no referendo", acrescentou.
Durante a época soviética, a Rússia se retirou da administração da Crimeia, de maioria russófona, concedendo-a à Ucrânia.
Em 18 de março de 2014, Putin e os dirigentes da Crimeia assinaram um tratado sobre a "reincorporação" dessa península ucraniana à Rússia, dois dias depois do referendo não reconhecido pela comunidade internacional.
A maioria da população da Crimeia votou a favor de se unir à Rússia.
Isso aconteceu após a chegada ao poder em Kiev de novas autoridades pró-ocidentais, depois de um ano de revolta popular.
A Ucrânia e parte da comunidade internacional consideraram a anexação como uma violação do Direito Internacional.
"A Crimeia será devolvida à Ucrânia", afirmou nesta segunda-feira o presidente ucraniano, Petro Poroshenko.
"Faremos todo o possível para que isso ocorra o mais rapidamente e faremos isso imediatamente depois da eleição" presidencial na Ucrânia de 31 de março, acrescentou.
A Otan também recordou nesta segunda que a "violação da soberania e integridade territorial da Ucrânia constitui um desafio importante para a segurança euroatlântica".
A Aliança também condenou o reforço em curso do dispositivo militar russo na Crimeia e no Mar Negro.
Na semana passada, Estados Unidos, Canadá e União Europeia adotaram novas sanções contra empresários e empresas russas em resposta à "contínua agressão" de Moscou na Ucrânia.
- "Ambiente de terror" -Para a imprensa pró-Kremlin, após a anexação houve na Crimeia um "crescimento recorde", em especial graças ao turismo, e seu PIB duplicou entre 2014 e 2017.
A imprensa liberal é muito mais crítica. Para o jornal "Vedomosti", a Rússia transformou a península em uma "simples província", e representa o arquétipo do "novo colonialismo russo".
O ministro ucraniano das Relações Exteriores, Pavlo Klimkin, disse à AFP que "nesses cinco anos houve um ambiente de terror, aberto e dissimulado, tanto contra o povo da Crimeia quanto contra o Direito Internacional".
Os tártaros da Crimeia, uma comunidade de maioria muçulmana que se opõe à anexação, enfrentam a pressão das autoridades russas.
A Rússia proibiu o Congresso do Povo Tártaro da Crimeia, uma assembleia eleita tártara que se opõe ao mandato da Rússia, ao considerá-lo extremista.
De acordo com uma pesquisa publicada pelo Centro de Opinião Pública (FOM), somente 39% dos russos acreditam que a anexação fez mais bem do que mal à Rússia, em comparação aos 67% de 2014.
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