'Pinguim' explora lado sombrio e impiedoso de Gotham: 'Entramos na sujeira'
"Pinguim", nova série do universo de "The Batman", estreia nesta quinta-feira (19). O enredo começa exatamente uma semana depois dos últimos acontecimentos do filme estrelado por Robert Pattinson, com Gotham enfrentando as consequências das ações do Charada.
A morte do magnata do crime Carmine Falcone abre um vácuo de poder na cidade, e é aí que Oz Cobb, o Pinguim, entra em cena. Mais sombria e violenta que o primeiro filme, a série não só mergulha na história do vilão, como no mundo do crime de Gotham, com toda sua sujeira e crueldade.
Colin Farrell se transforma sob a maquiagem do Pinguim e está irreconhecível na pele do vilão. "Algo aconteceu quando [Farrell] foi maquiado. Foi como se algo tivesse sido liberado dentro dele", contou o produtor-executivo Matt Reeves, em entrevista a Splash.
Foi quase como uma alquimia, parecia que algo novo havia chegado. Há uma nova pessoa no mundo. Uma nova pessoa nasceu, e é Oz. Matt Reeves
Tanto Farrell quanto Reeves se empolgaram com a ideia de levar o Pinguim para além do primeiro filme. "Foi um processo muito especial. Ele sempre pediu para fazer mais cenas e sabia que minha intenção era fazer mais para o próximo filme. Acho que ele também queria fazer mais que isso. Ficou muito animado com a ideia de transformarmos isso em série. Trouxemos Lauren [LeFranc], e ela precisou mergulhar em toda a psicologia do porquê, do entendimento, dos fundamentos que moveriam Oz."
A transformação foi tamanha que Deirdre O'Connell, que interpreta a mãe de Oz, diz quase não ter sentido o "frio na barriga" de atuar ao lado de Farrell. "Não parece uma prótese de jeito nenhum. Parece que encontraram um cara incrível para interpretar esse papel por oito horas. Não há nem um movimento em falso. Nem um momento em que você duvida que ele realmente é aquele cara. [...] Ao longo de um ano, eu realmente tentei achar algo falso ali e não consegui. Não dá para achar."
Como mãe e filho, os dois experimentaram uma conexão especial em frente às câmeras. "Tivemos sorte de ter essa compatibilidade. Não dá pra fazer isso acontecer, não dá pra fingir. [...] Acho que bem no início, ele disse: 'Vou te seguir'. Eu fiquei tipo: 'Você vai me seguir?'. E ele me seguiu. Ele me seguiu e eu o segui. Nós seguimos um ao outro. Ambos pensaram que o outro estava tomando a frente. Foi como uma dança. Nós tivemos sorte."
Rhenzy Feliz, que interpreta o "pupilo" de Oz, Victor Aguilar, também sentiu que existiu uma certa relação de mentoria entre Farrell e ele nos bastidores. "Ele é uma pessoa muito aberta, calorosa, gentil, incrivelmente prestativa. [...] Foi muito cuidadoso para não parecer que sabia mais que eu, ainda que eu saiba que ele sabe. [...] Quero aprender com esse cara porque ele é muito talentoso e incrível."
HBO tirou algemas de "Batman" e permitiu história mais sinistra
Quando escrevia o roteiro de "The Batman", Reeves se empolgou com a ideia de transformar parte da história em algo mais obscuro. "No filme, estamos fazendo algo com um orçamento muito alto, e é Batman, então tem que ser indicado para maiores de 13 anos. Então apenas flertamos com os limites daquela escuridão. Nós fizemos um filme o mais sombrio que pudemos dentro disso, e daí tivemos que recuar aqui e ali. Mas sempre com a ideia aspiracional desse tom mais obscuro da HBO."
Inspirado por séries como "Família Soprano", "True Detective" e "Oz", ele sabia que poderia explorar mais a violência em uma série da emissora. "Sabíamos que assim que fizéssemos a série, tiraríamos essas algemas", diz Reeves.
Pudemos fazer algo muito, muito sombrio. A ideia de que poderíamos pegar esses patifes, esses personagens doentes que acessam lugares muito obscuros, se tornou uma possibilidade muito interessante. Nós podemos realmente ver o quanto as coisas podem ficar sombrias. Então, esse tom sempre foi nossa ideia. Matt Reeves
Rhenzy, que já protagonizou "Fugitivos", da Marvel, compara e afirma que o produto da DC é "muito mais sombrio". "É uma série muito mais dura. Definitivamente, há muito mais mortes e mais escuridão. É como estar na sujeira de Gotham. As duas séries não poderiam ser mais diferentes."
"Pinguim" prepara o terreno para próximo filme de Batman
A série traz as origens de Pinguim e sua busca incessante pelo poder. "Estamos conhecendo alguém que ainda não é o chefão. Estamos começando a ver as consequências do que o Charada fez. Carmine Falcone foi assassinado. Ele tinha o domínio do poder de Gotham nos últimos 20 anos. Agora, de repente, Oz pensa: 'Bem, esse é o meu momento". E ninguém mais acha isso além dele e de sua mãe. Então ele vai buscar agarrar o poder."
No próximo filme, com estreia prevista para 2026, Batman encontrará um Pinguim transformado após a jornada apresentada na série. "Ele não é a pessoa que era no primeiro filme. Nós passaremos por essa exploração com ele."
Segundo Reeves, cada capítulo deste universo de Batman reflete sobre o lugar "corrupto e desesperado" que é Gotham. "Por que é assim? O que há na natureza humana? O que há nos personagens desse mundo que fazem esse lugar persistir em ser tão obscuro? E graças a Deus que isso acontece porque, caso contrário, não precisaríamos do Batman e não quereríamos contar essas histórias."
Algo disso está entrando em Bruce/Batman. Esse é o lugar que tirou a família dele, e ele está obcecado por encontrar a resposta, o porquê de esse lugar ser do jeito que é. Oz é uma peça crítica nisso. Matt Reeves
"Pinguim" estreia simultaneamente na HBO e na plataforma de streaming Max, no dia 19 de setembro às 22h. Após a estreia, os novos episódios serão lançados aos domingos, às 22h. O segundo episódio está previsto para estrear na semana seguinte, no dia 29.
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