Herbívoros correm risco maior de extinção que predadores, aponta estudo
Washington, 5 Ago 2020 (AFP) - Animais herbívoros correm um risco maior de extinção que predadores, sejam eles mamíferos, pássaros ou répteis. É o que revelou um extenso estudo feito com 24,5 mil espécies vivas e extintas, divulgado nesta quarta-feira (5).
A pesquisa, publicada na revista Science Advances, indica que herbívoros sofreram taxas de extinção mais altas nos últimos 50 mil anos, em comparação a outras partes da teia alimentar, e até hoje a tendência continua.
A descoberta contradiz a ideia, baseada em evidências anedóticas, de que predadores são os mais vulneráveis por viverem em áreas mais amplas e terem um crescimento populacional mais lento.
Segundo os pesquisadores, a ameaça é ainda maior para répteis herbívoros, como tartarugas, e herbívoros grandes, como elefantes.
"Há tantos dados por aí e às vezes você só precisa de alguém para organizá-los", disse Trisha Atwood, uma ecologista da Utah State University e primeira autora do estudo.
Os cientistas primeiro observaram os padrões modernos de risco de extinção entre herbívoros, onívoros e predadores em mamíferos, pássaros e répteis de diferentes níveis da teia alimentar.
Eles então realizaram a mesma análise em espécies do final do Pleistoceno, começando 11 mil anos atrás na África, América do Norte e América do Sul e há 50 mil anos na Austrália.
Por fim, examinaram como o tamanho do corpo e a posição na teia alimentar afetavam o status de ameaça entre 22.166 espécies.
De acordo com os autores, embora existam provavelmente várias razões para a tendência, certas intervenções humanas parecem afetar mais os herbívoros do que outros.
"Vertebrados invasores (como ratos), insetos (como formigas-de-fogo) e plantas (como figueiras) foram todos implicados no declínio e até na extinção de diversos répteis", escreveram.
Além disso, espécies invasoras, poluição e alteração de habitat parecem impactar desproporcionalmente pequenas aves herbívoras.
Existem, no entanto, exceções: os predadores que vivem em habitats marinhos enfrentaram um risco de extinção elevado, o que sugere que eles tinham que lidar com mais ameaças à sobrevivência do que seus colegas da terra.
ico-ia/ft/ic
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