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Em Davos, Merkel defende o multilateralismo

23/01/2019 15h38

Em crítica velada a Trump, líder alemã critica protecionismo e pede a nações que pensem além de interesses nacionais. Desafios como o aquecimento global e o avanço do populismo devem ser combatidos em conjunto, afirma.A chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, defendeu nesta quarta-feira (23/01), no Fórum Econômico Mundial, em Davos, uma aliança global a favor do multilateralismo, criticando o protecionismo de alguns países que geram prejuízos a outras nações.

Em discurso a líderes políticos e empresariais, Merkel pediu às nações ocidentais que pensem além de seus interesses nacionais e ajam para reformar as instituições globais. "Precisamos de um compromisso claro pelo multilateralismo. Qualquer outra coisa terminará em miséria", alertou.

Segundo a líder alemã, há desafios que só podem ser enfrentados em conjunto, como o aquecimento global, questões relacionadas à segurança e ao comércio internacional, além do avanço do populismo em várias partes do mundo.

As declarações de Merkel foram vistas como uma crítica indireta às medidas protecionistas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump – que cancelou sua presença no evento devido a uma crise interna que levou à paralisação parcial da máquina estatal americana.

A Alemanha, a maior economia da Europa, é bastante dependente do comércio internacional e visa preservar a integridade dos sistemas multilaterais globais, agora ameaçados pelas políticas adotadas por Washington gerando tensões no comércio global, como é o caso das disputas comerciais entre os Estados Unidos e a China.

"[O Ocidente] deve agir contra a fragmentação da arquitetura internacional", afirmou Merkel na cidade suíça. "Acho que devemos entender nossos interesses nacionais de modo a pensar também nos interesses dos demais e, a partir disso, criar situações que sejam vantajosas para todos."

"Existem muitos [países] dispostos a fortalecer a ordem multilateral", ressaltou a chanceler federal, acrescentando que a Alemanha procura parceiros que também defendem essa perspectiva.

Segundo Merkel, os esforços para combater problemas globais "apenas funcionarão se formos capazes de nos comprometer", usando como exemplo o acordo de livre comércio entre a União Europeia (UE) e o Japão, que entra em vigor em 1º de fevereiro.

A chefe de governo alemã também defendeu a necessidade de reformas em instituições já existentes, como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, a fim de recuperar a confiança no sistema financeiro global.

"Durante muito tempo, países emergentes como a China e a Índia influenciaram a economia mundial de maneira bastante forte, e, quando um sistema vigente demora muito para reagir, a consequência é que os demais [países] se fazem notar por meio de novas instituições", observou.

O Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, ocorre até a sexta-feira, 25 de janeiro, e reúne líderes de todo o mundo. O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, também fez um discurso voltado para o multilateralismo nesta quarta-feira.

RC/afp/ap

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