'Tentou salvar os amigos, mas não conseguiu', diz mãe de sobrevivente
Um incêndio matou dez pessoas e deixou ao menos três feridas no alojamento onde dormiam jogadores da base do Flamengo, o Ninho do Urubu, no Rio de Janeiro nesta sexta-feira (8). Em entrevista à BBC News Brasil, a mãe de Felipe Cardoso, de 15 anos, disse que seu filho estava no alojamento no momento do incêndio.
Ela afirmou que o jovem sobreviveu e tentou salvar outros garotos que dormiam no alojamento.
"Ele está bem. Ele tentou salvar os amigos, mas não conseguiu. Engoliu fumaça e está muito abalado", afirmou Cátia.
Segundo ela, o garoto morava em Santos, no litoral paulista, e se mudou para o alojamento na última segunda-feira (4). Ela disse que está aliviada por seu filho estar vivo, mas afirmou que "o momento é muito difícil".
A mãe do menino conversou com a reportagem da BBC News Brasil pelo WhatsApp. Ela não deu detalhes se seu filho sofreu algum ferimento.
O incêndio atingiu o centro de treinamento localizado no bairro de Vargem Grande, conhecido como Ninho do Urubu, em referência à ave-mascote do maior time do Rio. O alojamento servia de dormitório para jogadores de até 17 anos de idade.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, entre os sobreviventes feridos, um deles em estado grave. A identidade das vítimas não havia sido divulgada oficialmente até a publicação deste texto.
O Centro de Treinamento é recente, tendo sido construído em 2014, e teria uma estrutura moderna, usada tanto para o treinamento das categorias de base quanto pela equipe de futebol profissional. Homens do Corpo de Bombeiros continuam a trabalhar no local.
Um dia antes do incêndio, o forte temporal que acometeu o Rio na noite de quarta-feira teve forte impacto sobre a sede do Flamengo na Gávea, na zona sul do Rio, causando alagamento, derrubando árvores e destruindo estruturas.
A Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro afirmou não ver clima para a realização do clássico Fla-Flu, que ocorreria neste sábado no Maracanã, e convocou uma reunião de emergência para decidir sobre a suspensão da partida.
O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, decretou luto de três dias.
O número de mortes provocadas por incêndio no Brasil foi, em média, de 991 por ano, entre 2007 e 2016 (último ano com dados oficiais). O récorde foi em 2013, com 1261 vítimas. Naquele ano, 242 pessoas morreram no incêndio na Boate Kiss, no Rio Grande do Sul.
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