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Chuvas no Rio Grande do Sul deixam 29 mortos e 60 desaparecidos

02/05/2024 12h26

As chuvas que atingem há uma semana o Rio Grande do Sul já deixaram 29 mortos e 60 desaparecidos, no pior desastre climático do estado, anunciaram autoridades.

As imagens da região são catastróficas: grandes superfícies completamente inundadas, rios destruindo pontes e estradas, e resgates dramáticos de pessoas em telhados ou prestes a serem arrastadas pelas enchentes.

"Quero lamentar profundamente todas as vidas perdidas. São 29 mortes registradas nesse momento, e com a mais profunda dor no meu coração, eu sei que serão ainda mais que isso", disse o governador Eduardo Leite (PSDB), em transmissão ao vivo pelo YouTube.

Leite informou que o balanço atual, de 60 desaparecidos, pode aumentar, devido à dificuldade de acesso a localidades que ficaram isoladas. 

As inundações se concentram no centro do estado, onde 154 localidades foram afetadas. 

Leite ressaltou que se trata do pior desastre climático da história do estado. 

"Nunca vi algo assim. Está tudo debaixo d'água, é triste e vai piorar. Quem é que dorme de noite? Não sabemos como é que a água vai chegar, já está na porta da casa, tentamos levantar as coisas e não conseguimos", disse à AFP Raul Metzel, operador de máquinas de 52 anos, em Capela de Santana, município afetado pelas inundações.

Imagens aéreas da AFPTV mostram áreas de Capela de Santana totalmente inundadas, onde se consegue ver apenas os telhados das casas.

Em seu boletim mais recente (19h), a Defesa Civil informou que há 36 feridos, 10.242 pessoas foram evacuadas e 4.645 estão em abrigos. 

- Calamidade pública -

O governador insistiu que este é o "pior desastre climático" da história do estado.

Na madrugada de quinta-feira, o Rio Grande do Sul foi declarado 'em estado de calamidade pública'.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva viajou na quinta-feira à região, onde prometeu que "não faltarão recursos humanos" para minimizar o sofrimento causado por um fenômeno extremo.

Leite destacou os esforços para salvar vidas diante da ameaça de transbordamento dos rios e córregos no estado nas próximas horas. 

O governador também alertou os moradores de seis municípios para os transbordamentos do rio Caí, após pedir na noite de quarta-feira que moradores deixassem suas casas no vale do rio Taquari. O rompimento de uma barragem no município de Cotipora, ocorrido na quinta-feira, elevou o volume de água do Taquari.

Leite alertou também para o crescimento rápido do nível do rio Guaíba, em Porto Alegre, que poderia atingir cinco metros na madrugada desta sexta-feira.

Se a previsão for confirmada, será a maior cheia da história da cidade, superando a registada em 1941, destacou.

O Governo Federal informou que disponibilizou um total de 12 aeronaves, 45 veículos e 12 embarcações, além de enviar 626 militares das Forças Armadas para ajudar a população afetada, distribuir água e alimentos e montar abrigos, entre outras tarefas.

- Municípios isolados -

Segundo autoridades, as tempestades devem continuar até sábado. O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) prevê ventos fortes, com rajadas, descargas elétricas, granizo e chuvas "acima de 200 mm" no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.

O governo do Rio Grande do Sul também relatou danos em estradas e cortes no fornecimento de eletricidade e água que afetaram centenas de milhares de pessoas.

As aulas foram suspensas no estado, no qual muitos municípios estão isolados, sem telefone ou internet. A Federação Gaúcha de Futebol também suspendeu todos os jogos agendados para o próximo final de semana.

Em setembro passado, 31 pessoas morreram quando um ciclone devastador atingiu o Rio Grande do Sul. 

Segundo especialistas, o aquecimento global agrava a intensidade e a frequência dos eventos climáticos extremos que atingem o Brasil. A situação é ainda agravada pelo fenômeno climático El Niño. 

Cientistas estimam que as atuais temperaturas globais sejam cerca de 1,2ºC mais elevadas do que em meados do século XIX, causando um aumento de inundações, secas e ondas de calor.

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© Agence France-Presse

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