Quem foi a mãe de Donald Trump e por que ela voltou a ser assunto nos EUA
A mãe de Donald Trump foi uma imigrante que saiu da Escócia para morar em Nova York em 11 de maio de 1930. Como o presidente dos EUA adotou medidas restritivas contra imigrantes desde que reassumiu o cargo, o nome de Mary Anne MacLeod voltou à tona.
O que aconteceu
Mary Anne MacLeod (1912-2000) entrou legalmente no país. Por ser imigrante legal, ela não seria atingida pela política anti-imigração de Trump. Segundo os documentos, Mary embarcou no Porto de Glasgow em 2 de maio de 1930 e chegou aos EUA nove dias depois. "Veio com um visto de imigrante para obter residência permanente", afirmou Barry Moreno, historiador do Museu Nacional de Imigração da Ilha de Ellis, à BBC Mundo.
Mary Anne MacLeod (1912-2000) desembarcou nos EUA com US$ 50 no bolso. O nome dela aparece em registros de imigração digitalizados pela ONG Fundação Estátua da Liberdade, que armazena informações de mais de 51 milhões de viajantes que chegaram a Nova York por via portuária entre 1892 e 1957.
Desde o momento em que chegou, ela se via morando de vez no país. Isso se chama emigrar. Não há a menor dúvida a este respeito.
Gwenda Blair, autora do livro 'The Trumps: Three Generations of Builders and a Presidential Candidate', à BBC
Trump declarou várias vezes à imprensa que a mãe viajara para os EUA inicialmente como turista. No entanto, os documentos mostram que ela sempre teve intenção de morar no país.

Mary saiu da Escócia com 18 anos
Mary Anne MacLeod nasceu em Tong, no norte da Escócia. Ela decidiu se mudar para os EUA com 18 anos, seguindo o passo de três de suas irmãs: Christina, Mary Joan e Catherine.
Na época, muitas mulheres decidiram deixar a Escócia rumo aos EUA ou ao Canadá, diz especialista. "Ela vinha de uma família muito pobre. Houve grande emigração do povoado em que ela vivia porque, no final da 1ª Guerra Mundial, a maior parte dos homens morreu no naufrágio do barco que os trazia de volta do front. Foi uma grande tragédia, e muitas mulheres decidiram partir ao perceber que não teriam com quem se casar", explicou Michael D'Antonio, autor do livro "Never Enough: Donald Trump and the Pursuit of Success".
Com base nos documentos da viagem, a situação econômica de Mary Anne não era totalmente precária. "Tinha dinheiro suficiente para pagar uma passagem de segunda classe, viajando em uma cabine compartilhada com outra mulher e evitando a terceira classe. Mesmo vindo como imigrante, não era tão pobre", afirmou Moreno.
No campo profissão, a ficha registra Mary Anne como doméstica. "Isso pode significar uma pessoa que trabalhava em casa ou alguém que trabalhava em uma casa de família, limpando e cozinhando", explicou Moreno.
Em 1934, Mary viajou para a Escócia, mas obteve uma permissão para reingressar nos EUA. Os registros mostram que ela declarou Nova York como seu local de residência.
"Trump me disse que ela era muito competitiva e tão ambiciosa como o pai. Mas naquela época era difícil para as mulheres terem uma carreira e serem tão ambiciosas como hoje", afirmou o escritor D'Antonio. No livro "A Arte da Negociação", Trump se refere à mãe como uma dona de casa tradicional, mas que tinha plena consciência do mundo que estava ao redor dela.
Quando Mary morreu, em agosto de 2000, o jornal The New York Times publicou um obituário em que a descreve como filantropa, além de narrar como a família contribuía para hospitais e uma série de organizações como o Exército da Salvação e os escoteiros.