Irã adverte sobre 'responsabilidade' dos EUA em caso de 'agressão' de Israel
O Irã advertiu, nesta segunda-feira (21), por escrito, sobre a "responsabilidade" e "cumplicidade" dos Estados Unidos em caso de "agressão" por parte de Israel, em reação às declarações feitas pelo presidente Joe Biden na semana passada em Berlim.
A missão diplomática iraniana nas Nações Unidas em Nova York publicou uma carta endereçada ao secretário-geral da ONU, António Guterres, e à presidência suíça do Conselho de Segurança.
Nela, a missão denuncia a "declaração profundamente alarmante e provocadora realizada pelo presidente dos Estados Unidos durante uma conversa com a imprensa em Berlim", em 18 de outubro.
Questionado pelos jornalistas pouco antes de partir rumo a Washington, Biden se limitou a responder "sim e sim" à dupla pergunta de se sabia como e quando Israel responderia aos ataques do Irã de 1º de outubro.
Em guerra com o Hamas na Faixa de Gaza e Hezbollah no Líbano, dois movimentos islamistas próximos a Teerã, Israel ameaçou repetidamente atacar o Irã em represália a seu lançamento de mísseis em 1º de outubro.
O ataque de mísseis contra Israel foi apresentado pelas autoridades da República Islâmica como uma resposta ao assassinato no Líbano do líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, em um ataque israelense, e ao assassinato em Teerã do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em um atentado atribuído a Israel.
"Esta declaração incendiária [do senhor Biden] é profundamente preocupante porque indica que os Estados Unidos aprovam tacitamente e apoiam explicitamente a agressão militar israelense contra o Irã", escreveu seu embaixador na ONU, Amir Saied Iravani.
"Os Estados Unidos serão assim plenamente responsáveis por fomentar, incitar e permitir qualquer ato de agressão de Israel contra a República Islâmica do Irã, em flagrante violação dos princípios fundamentais do direito internacional e da Carta das Nações Unidas", adverte o representante de Teerã na ONU.
A ajuda militar americana a seu aliado israelense, que lhe permite se sentir "ainda mais incitado e encorajado a realizar ataques contra o Irã, tornaria os Estados Unidos "cúmplices dessas agressões", acrescenta o texto.
O responsável iraniano "exige" que o Conselho de Segurança "peça aos Estados Unidos que utilize sua grande influência para obrigar Israel a pôr fim imediatamente a seus crimes de guerra e à sua campanha genocida contra o povo palestino de Gaza e o libanês".
Segundo o Washington Post, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu havia comunicado por telefone a Biden que estaria pensando em atacar instalações militares e não instalações petrolíferas ou nucleares.
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