Topo
Notícias

Guru de comunidade Osho é investigado por tortura, violência e fraude no RS

Sede da comunidade Osho Rachana alvo de operação em Viamão (RS)  - Polícia Civil/Divulgação
Sede da comunidade Osho Rachana alvo de operação em Viamão (RS) Imagem: Polícia Civil/Divulgação
do UOL

Do UOL, em São Paulo

12/12/2024 13h59Atualizada em 12/12/2024 13h59

A comunidade Osho Rachana, na zona rural de Viamão, na Grande Porto Alegre (RS), foi alvo de uma operação da Polícia Civil gaúcha, na última quarta-feira (11), por suspeita de tortura psicológica, violência física e crimes financeiros praticados pelo "líder espiritual" e outros integrantes da seita.

O que aconteceu

Operação "Namastê" cumpriu mandados de busca e apreensão na comunidade. Segundo divulgado pela PC-RS (Polícia Civil do Rio Grande do Sul), foram apreendidos no local computadores, celulares e máquinas de cartão, além de fotografias e documentos ligados ao líder e a outros suspeitos, "investigados pela prática de tortura psicológica, curandeirismo, estelionato e violações previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente".

Investigações iniciaram após denúncia de ex-integrantes do grupo. Segundo a delegada Jeiselaure de Souza, da 1ª Delegacia de Polícia de Viamão, antigos moradores da comunidade procuraram o Ministério Público "relatando uma série de atos violentos praticados pelo líder" do Osho Rachana.

Pessoas buscavam comunidade em busca de "terapias alternativas", que incluíam "sexo livre". Em nota divulgada pela Polícia Civil, a delegada afirma que "durante a investigação, várias vítimas foram ouvidas e relataram que procuravam a comunidade com o intuito de realizar as imersões e terapias bioenergéticas alternativas, meditações e outros rituais como a prática de sexo livre como processo terapêutico". O órgão divulgou ainda que "houve denúncias de que crianças eram expostas às práticas do local".

Ex-moradores relataram abusos físicos, psicológicos e patrimoniais. "As vítimas ouvidas até o momento narraram que sofriam tortura psicológica, violência física e patrimonial, além de crimes financeiros, sempre coagidas pelo líder e alguns outros integrantes da seita que realizavam os tratamentos alternativos no local", segue a PC-RS em nota.

Comunidade foi criada nos anos 90 por discípulos de Osho, controverso líder espiritual indiano apelidado de "guru do sexo". A Osho Rachana adotou o mesmo modelo das comunidades de seu mestre, com meditações e premissas de amor livre, como mostrou a premiada série documental "Wild Wild Country".

"Pacotes de imersão" custavam entre R$ 8 mil e R$ 12 mil, segundo os investigadores. Além disso, "após decidirem morar no local, os membros pagavam uma mensalidade e participavam de outras diversas atividades, como a venda de pães, agendas e cadernos", informa a delegada do caso. "Todas as atividades eram coordenadas pelo líder, com o pretexto de que seriam revertidas em prol da comunidade; no entanto, isso não ocorreu", completa.

Investigações apontam que líder desviava grandes quantidades de dinheiro dos membros da comunidade para viagens de luxo e apostas online. A estimativa da PC-RS é que o "líder espiritual" tenha obtido e desviado mais de R$ 20 milhões para proveito próprio. "Os integrantes estão com um prejuízo superior a R$ 4 milhões, em razão das dívidas contraídas após a pandemia", informa a PC-RS.

Principalmente após a pandemia, o líder exigiu que todos os integrantes fizessem empréstimos bancários de altíssimo valor e entregassem para a comunidade, porém desviou os valores e utilizou em proveito próprio, fazendo viagens luxuosas, investindo em suas empresas e também perdendo um alto valor em apostas online. Polícia Civil do Rio Grande do Sul, em nota divulgada nesta quinta-feira (12)

Nome do líder do grupo não foi informado. A reportagem tentou localizá-lo para pedir posicionamento sobre as investigações, mas até o momento não conseguiu. O texto será atualizado no caso de futuras manifestações.

Notícias