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Jornalista americano que acusa Moraes é convidado para comissão no Senado

do UOL

Do UOL, em São Paulo

10/04/2024 17h55Atualizada em 11/04/2024 09h48

O jornalista norte-americano Michael Shellenberger foi convidado a participar de uma audiência na Comissão de Comunicação e Direito Digital do Senado brasileiro nesta quinta-feira (11). Ele divulgou e-mails que mostram suposta interferência do ministro Alexandre de Moraes no X - antigo Twitter.

O que aconteceu

O convite foi proposto pelo senador bolsonarista Magno Malta (PL-ES) e aprovado nesta quarta-feira (10). O jornalista brasileiro David Ágape, que publicou texto sobre os e-mails, também foi convidado para a audiência.

O caso ficou conhecido como "Twitter Files Brasil". "Essa aprovação é essencial, porque vai permitir que seja dada voz a uma denúncia gravíssima que ocorreu no nosso país recentemente, secundada posteriormente pelo senhor Elon Musk, de que houve durante o processo eleitoral uma interferência por parte do Poder Judiciário", disse o líder da oposição, Rogério Marinho (PL-RN).

O jornalista Michael Shellenberger já morou no Brasil, rompeu com a esquerda e agora é conhecido por minimizar a gravidade do aquecimento global.

Quem é Michael Shellenberger

Ativista de 51 anos, o norte-americano Shellenberger já foi progressista. "Aos 17 anos morei na Nicarágua para demonstrar solidariedade à revolução sandinista. Aos 23, angariei dinheiro para cooperativas de mulheres da Guatemala. Aos 20 e poucos anos, morei perto da Amazônia fazendo pesquisas com pequenos agricultores que lutavam contra invasões de terras", escreveu ele em artigo para o Centro de Pesquisa Política da Nova Zelândia, em 2020.

Ele disse que viveu no Brasil em 1992, quando "era muito de esquerda". "Na época, as palavras de ordem de Lula e do PT eram 'Sem medo de ser feliz'", escreveu ele no X após a publicação dos arquivos contra Moraes.

Shellenberger afirma que conheceu Lula e se decepcionou com a esquerda. Em entrevista ao Correio do Povo, em 2021, disse que entrevistou Lula "pessoalmente em 1994, entrevistei o Daniel Ortega [presidente da Nicarágua] e trabalhei por pouco tempo com Hugo Chávez [ex-presidente Venezuelano morto em 2013]".

Ele nega, porém, ser bolsonarista. "Não sou fã nem de Bolsonaro, nem de Trump", escreveu no X. "As minhas opiniões políticas são muito moderadas. Mas eu reconheço a censura quando a vejo."

Musk x Moraes

Musk atacou Moraes em publicações no X e insinuou fechar o escritório da rede no Brasil. Empresário questionou o ministro do STF do porquê de "tanta censura no Brasil". Ele fez o comentário em uma postagem no perfil oficial de Moraes.

Moraes é relator de inquéritos sensíveis no Supremo e presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O ministro é autor de uma série de despachos que suspenderam perfis, nas redes sociais (entre elas o X), de investigados por suposta disseminação de desinformação e ataques às urnas eletrônicas.

X disse que foi forçado, por meio de decisões judiciais, a "bloquear determinadas contas populares no Brasil". A plataforma informou que comunicou os donos das contas que tiveram que tomar essas medidas, mas declarou não saber as motivações pelas quais as ordens de bloqueio foram emitidas pela Justiça. Os nomes das contas afetadas não foram divulgados.

O empresário pediu a renúncia ou impeachment de Moraes e o chamou de 'Darth Vader do Brasil'. Em uma postagem, ele disse que vai "revelar" como as decisões de Moraes supostamente "violam" as leis brasileiras.

Após os ataques, Moraes determinou a abertura de inquérito pela PF para apurar a conduta do empresário. O documento exige a apuração em relação aos crimes de obstrução à Justiça, inclusive em organização criminosa, e incitação ao crime. O ministro também exigiu a inclusão de Musk como investigado no inquérito das milícias digitais.

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