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A volta da tocha olímpica em 80 dias; conheça o percurso do revezamento que passará por 400 cidades

25/06/2023 09h41

Fim do mistério e de um trabalho que durou um ano e meio. Na sexta-feira (23), o Comitê Organizador dos Jogos de Paris 2024 revelou o percurso da tocha olímpica até a chegada a Paris, no dia 26 de julho do ano que vem, para a grande cerimônia de abertura da Olimpíada. O revezamento de um dos maiores símbolos do olimpismo foi apresentado em grande pompa na capital francesa com a presença dos responsáveis pelo evento, mas também por autoridades, atletas e ex-competidores que deixaram seus nomes na história do esporte francês.

No dia 16 de abril, 100 dias antes do início dos Jogos, a tocha será acesa, como manda a tradição, por raios de sol em uma cerimônia na cidade de Olímpia, na Grécia, o berço das Olimpíadas. Depois de nove dias circulando pelo país, a tocha será transportada pelo famoso veleiro Belém, de três mastros, atravessará o Mar Mediterrâneo e chegará a Marselha, no sul da França, no dia 8 de maio.

Depois, começa o longo périplo. De Marselha, a tocha percorrerá a região sudoeste da França, até subir para a Bretanha, no noroeste, e embarcar de navio para as Antilhas. O retorno será para Nice, no sul, de onde seguirá pelas regiões sudeste e leste até chegar ao norte, antes de descer em direção à capital.

No total serão 80 dias, período em que a famosa chama passará por 400 cidades e cinco departamentos ultramarinos franceses: Guadalupe, Martinica, Guiana Francesa, Polinésia e a Ilha da Reunião).

O presidente do Comitê Organizador de Paris 2024, Tony Estanguet, se mostrou otimista ao revelar o percurso da tocha entre as diferentes regiões e territórios da França, num trajeto estimado em 12 mil quilômetros.  

"Vamos envolver milhares de franceses em 64 regiões diferentes. É o fruto de uma enorme colaboração com os departamentos da França, mais de 400 cidades pediram para receber o revezamento da tocha, o que é mágico para nós, é fantástico, porque esse revezamento vai ser bonito, espetacular, vai ser mágico, vai ser nacional, vai ser esportivo", declarou. 

"Vamos ter uma grande mobilização de atletas que sonham em carregar essa tocha. Também queremos que pessoas anônimas participem. Queremos celebrar todos os que contribuem para o sucesso do nosso país, e é importante envolvê-los. Mesmo que não estejam ligados ao mundo do esporte", acrescentou

Além das dificuldades naturais de elaborar um percurso tão extenso, os organizadores ainda tiveram que contornar a oposição de muitos prefeitos e presidentes de regiões que se negaram a tirar dinheiro do bolso para participar dessa festa. Muitos denunciaram os custos excessivos para participar do evento, estimado em €150 e €180 mil, o equivalente a uma soma entre R$ 790 mil e quase R$ 1 milhão.

O valor foi definido pelo Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Paris-2024 e será o mesmo para todas as regiões que queiram participar. Essa contribuição paga uma parte das despesas da organização do revezamento da tocha olímpica, desde segurança, logística e as atrações planejadas como animação.  

O diretor responsável pelo percurso da tocha, Grégory Murac, explicou os gastos e a posição do Comitê Paris 2024. "A organização desse evento custa muito dinheiro. Muitos recursos são mobilizados para realizá-lo. Então, sugerimos aos departamentos franceses que participassem do revezamento. Era realmente o desejo deles, e eles poderiam organizar como quisessem. Para aqueles que não quiseram se envolver com o revezamento, há outras maneiras de promover os Jogos", defende.

"Alguns departamentos acharam que era uma boa oportunidade para promover o esporte e unir as pessoas em torno do revezamento da tocha olímpica, então eles se juntaram a esse projeto. Nós do Comitê Olímpico Paris 2024 estamos muito orgulhosos por ter mais de dois terços das regiões da França participando e nos apoiando nesse projeto de revezamento da tocha olímpica", afirmou.

Capitães do revezamento

Há uma estimativa de pelo menos 10 mil pessoas participando deste revezamento. Os critérios de seleção devem ser baseados nos valores em torno do olimpismo. Todos que contribuem para o desenvolvendo do esporte em suas cidades e regiões, assim como os envolvidos na preparação do evento, terão prioridade. Junto aos anônimos, também devem desfilar com a tocha celebridades como o ator Jamel Debbouze, o chefe de cozinha Thierry Marx e o astronauta Thomas Pesquet, que já confirmaram participação.

Para dar mais brilho à festa, o Comitê Organizador escolheu quatro capitães para esse revezamento, entre eles os irmãos Laure e Florent Manaudou, campeões olímpicos de natação.

Laure Manaudou, medalha de ouro, prata e bronze em Atenas 2004, se aposentou das piscinas, mas é uma das personalidades esportivas mais conhecidas do país. Seu irmão, Florent, já conquistou quatro medalhas olímpicas, sendo uma de ouro. Laure expressou sua emoção com a escolha e com a possibilidade de ver seu irmão competir em Paris, no ano que vem.

"Sinto-me honrada por poder participar. Para mim, é um sonho que se tornou realidade. De qualquer forma, é uma honra e uma responsabilidade também carregar a tocha. Será um momento especial. E espero que tudo dê certo para que tenhamos um ano espetacular, mágico... Eu parei minha carreira há alguns anos, mas meu irmão Florent continuou no esporte é vai poder viver um sonho de disputar os Jogos em Paris. É uma consagração para um atleta de alto nível. Então, espero que ele participe e que nos faça vibrar".

Apesar do entusiasmo do Comitê Organizador, atletas e apaixonados pelo esporte, o governo francês também mostra prudência e preocupação com o revezamento. Diante de muitos opositores à realização do evento no país, o ministro do Interior, Gérald Darmanin, alertou prefeitos e autoridades locais de segurança para ficarem atentos a eventuais manifestações e perturbações.

Neste percurso da tocha está prevista a passagem por verdadeiros cartões postais e símbolos franceses, como o Mont Saint-Michel, a Polinésia e até o Castelo de Versalhes, já no final do périplo. Se o percurso está definido, o Comitê prefere ainda manter o suspense sobre o local onde a tocha irá chegar. A Torre Eiffel chegou a ser mencionada, mas as apostas continuam abertas, pois o mistério ainda deve durar, pelo menos é o que sugere o diretor responsável pelo revezamento, Grégory Murac. "Há muitas possibilidades, nada está completamente definido, há muitas opções e estamos discutindo.  As equipes responsáveis pela cerimônia estão avaliando qual seria o lugar mais interessante e marcante para colocar a estrutura da pira olímpica", explica.

Vale lembrar que a tocha olímpica só surgiu nos Jogos Olimpícos de Amsterdã, em 1928. O revezamento, que teve origem nos Jogos da Grécia antiga, só reapareceu em 1936, na Olimpíada de Berlim.

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