Proposta russa de reduzir ajuda transfronteiriça na Síria volta a fracassar na ONU
Nações Unidas, Estados Unidos, 11 Jul 2020 (AFP) - A Rússia fracassou nesta sexta-feira (10) na tentativa de conseguir com que o Conselho de Segurança da ONU aprovasse uma redução da ajuda humanitária transfronteiriça para a Síria, que expirava no fim do dia, ao não conseguir um número suficiente de votos.
Segundo diplomatas, o projeto russo, que contemplava a supressão de um ponto de acesso à Síria, teve quatro votos (Rússia, China, Vietnã e África do Sul), sete contra (Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Bélgica, Estônia e República Dominicana) e quatro abstenções (Indonésia, Tunísia, Nígero e São Vicente e Granadinas).
Em uma tentativa anterior, na quarta-feira, a proposta de Moscou já tinha tido o mesmo resultado.
Ainda nesta sexta, uma votação sobre uma proposta apresentada por Alemanha e Bélgica obteve veto duplo de China e Rússia, o segundo em três dias, demonstrando a profunda divisão no Conselho de Segurança.
O dispositivo transfronteiriço da ONU, que existe desde 2014, permite levar ajuda humanitária aos sírios sem necessidade da aprovação de Damasco e expira esta noite.
A Rússia argumenta que mais de 85% da ajuda entregue à Síria passa por Bab al-Hawa e que, portanto, o outro acesso poderia ser fechado.
Em janeiro, a Rússia, maior aliada da Síria, já havia reduzido o número de pontos de entrada para esse país de quatro para dois e limitava a autorização para seis meses, em vez do acordo anual que havia até então.
- Cinco votações em vão -A última proposta russa, obtida pela AFP, prevê manter apenas o acesso a Bab al Hawa. Entretanto, Moscou agora ofereceu estender a autorização de ajuda transfronteiriça por um ano, em vez dos seis meses que queria.
O Conselho de Segurança já fez cinco votações sobre esta questão sem chegar a um compromisso.
Nesta sexta-feira, a Alemanha e a Bélgica apresentaram um novo projeto de resolução ao Conselho, que planeja manter o ponto de entrada de Bab al Hawa por um ano e o ponto de entrada de Bab al Salam por apenas três meses, informaram diplomatas.
Os dois Estados, membros não permanentes do Conselho e responsáveis pelo aspecto humanitário da crise síria na ONU, podem pedir ao grupo que vote, já que o texto russo fracassou.
Desde o início da guerra na Síria em 2011, a Rússia vetou resoluções sobre o país árabe 16 vezes, e a China fez 10 vezes.
Rússia e China argumentam que a autorização da ONU viola a soberania da Síria e que a ajuda poderia ser canalizada de forma progressiva, por meio das autoridades sírias, à medida que estas recuperassem o controle dos territórios.
A ONG Oxfam advertiu que deter a ajuda transfronteiriça representa "um golpe devastador para milhões de famílias sírias que dependem dessa assistência para receber água potável, alimentos, atendimento de saúde e abrigo".
David Miliband, presidente da ONG International Rescue Committee, denunciou em comunicado "um dia negro" para os sírios com o novo veto da Rússia e China, que classificou de "vergonha".
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