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Presidente da Tunísia destitui premiê e suspende Parlamento

26/07/2021 09h50

TÚNIS, 26 JUL (ANSA) - Berço da Primavera Árabe, a Tunísia mergulhou neste fim de semana em uma crise política que coloca em risco sua ainda jovem democracia.   

O presidente Kais Saied destituiu o primeiro-ministro Hichem Mechichi e suspendeu os trabalhos do Parlamento por 30 dias no último domingo (25), na esteira de uma nova jornada de protestos contra o governo por causa da crise econômica e da gestão da pandemia de Covid-19.   

Eleito presidente em 2019, Saied assumiu temporariamente as funções de chefe de governo, se apoiando em um artigo da Constituição que permite o congelamento dos trabalhos do Parlamento em caso de "perigo iminente".   

O presidente anunciou que nomeará um novo premiê para ajudá-lo a governar o país e que revogará a imunidade parlamentar dos deputados. Mechichi foi destituído no 64º aniversário de proclamação da República da Tunísia, ocasião em que milhares de cidadãos saíram às ruas para protestar contra a classe dirigente.   

Na capital Túnis, a decisão de Saied foi recebida com festa por parte dos manifestantes que protestavam contra o partido islâmico Ennahda, dono da maior bancada no Parlamento, e contra o primeiro-ministro.   

O Ennahda, no entanto, acusou o presidente de promover um "golpe" e prometeu "defender a revolução". Já Saied rebateu que "quem fala em golpe de Estado deveria ler a Constituição e voltar para a escola". "Fui paciente e sofri com o povo tunisiano", justificou.   

O presidente ainda diz ter informado previamente o chefe do Parlamento e líder do Ennahda, Rached Ghannouchi, que nega.   

Veículos militares cercaram o prédio do Parlamento, e Saied determinou também o fechamento da sede local da emissora catariana Al Jazeera.   

Primavera - Saied é apenas o segundo presidente eleito por voto universal na Tunísia, caso único de democracia - ainda que frágil e incipiente - entre os países que protagonizaram a Primavera Árabe.   

A onda de revoltas contra o autoritarismo e a pobreza no norte da África e no Oriente Médio começou justamente na Tunísia, em 17 de dezembro de 2010, quando o verdureiro Mohamed Bouazizi ateou fogo no próprio corpo para protestar contra a falta de trabalho e os abusos da polícia.   

Desde então, alguns países da Primavera Árabe, como Síria e Iêmen, continuam afundados em guerras, enquanto outros, como o Egito, voltaram a ter governos autoritários.   

Apesar de ter iniciado um percurso democrático, a Tunísia conviveu na última década com uma perene instabilidade política, que sempre bloqueou esforços para relançar a economia e fazer as reformas pedidas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).   

A fragmentada classe política jamais foi capaz de formar governos duradouros e eficazes, culminando na ruptura entre Saied e Mechichi. (ANSA).   

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