França inaugura memorial do Holocausto em Lyon durante 80º aniversário da libertação de Auschwitz
Foi inaugurado neste domingo (26) na cidade de Lyon, no centro leste da França, um memorial do Holocausto. O monumento foi aberto ao público na véspera do aniversário de 80 anos da libertação do campo de extermínio de Auschwitz.
A obra, intitulada "Rails de la mémoire" (Trilhos da memória), é composta por 1.173 metros de trilhos de trem, que simbolizam os 1.173 km que separam Lyon do campo concentração de Auschwitz, na Polônia, onde um milhão de judeus foram assassinados pela Alemanha nazista. Projetado por Quentin Blaising e Alicia Borchardt, dois arquitetos parisienses, o memorial foi instalado em uma praça próxima à estação ferroviária de Perrache, de onde partiram muitos comboios para os campos de extermínio durante a Segunda Guerra Mundial.
"Esse espaço não poderia estar em outro lugar que não fosse aqui", disse o magistrado Jean-Olivier Viout, presidente da Associação para a Construção de um Memorial do Holocausto em Lyon, diante de centenas de pessoas reunidas para a cerimônia de inauguração.
A obra não evoca apenas a memória dos "6.100 homens, mulheres e crianças de nossa região exterminados pelo simples fato de serem judeus", mas também presta homenagem aos seis milhões de vítimas do Holocausto, um número "que deve ser martelado, e martelado repetidamente", acrescentou o magistrado que, em 1987, foi membro da promotoria no julgamento do chefe da Gestapo de Lyon, Klaus Barbie.
Apelidado de "o açougueiro de Lyon", Klaus Barbie ficou conhecido como um dos piores torturadores da Segunda Guerra Mundial. Atribui-se a ele cerca de 4 mil assassinatos e mais de 7.581 deportações de judeus, entre eles muitas crianças, além de 14.311 prisões e atos de tortura de combatentes da Resistência na França, muitos deles comandados a partir de Lyon. Após a queda de Hitler, Barbie se refugiou na Bolívia e, em seguida, foi detido e julgado, em Lyon, no primeiro processo de um crime contra a humanidade na França, que o condenou a prisão perpétua.
Cidade "manchada de sangue"
"O antissemitismo é um veneno pernicioso que deve ser vigorosamente combatido", disse o prefeito de Lyon, Grégory Doucet. Ele lembrou que "parte do crime indescritível do Holocausto ocorreu em nossa cidade", que foi "manchada de sangue" pela "crueldade de seus carrascos", incluindo Klaus Barbie, mas também o chefe da milícia francesa, Paul Touvier.
Diante do "sentimento de horror e de perda irreversível", o novo memorial visa "atingir nossa consciência", continuou o prefeito.
80 anos da libertação de Auschwitz
A França já tem um memorial do Holocausto em Paris. É nele que o presidente francês, Emmanuel Macron, inicia na manhã desta segunda-feira (27) as celebrações dos 80° aniversário da libertação do campo de extermínio de Auschwitz.
Em seguida, o chefe de Estado vai para a Polônia, onde serão realizadas as cerimônias internacionais para marcar a data. O evento contará com a participação de vários dirigentes estrangeiros.
O presidente francês deu grande destaque às comemorações que marcam os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, como durante a participação nas celebrações do desembarque dos aliados na Normandia, o chamado Dia D, em junho de 2024. Em 2 de fevereiro, ele estará em Colmar, na Alsácia (leste), a última cidade em território francês a ser libertada da ocupação alemã. Vários eventos de grande escala também estão planejados para comemorar o dia 8 de maio de 1945, data em que a guerra terminou com a rendição da Alemanha nazista.
(Com agências)