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Mudanças demográficas da América Latina podem prejudicar o crescimento na região, alerta FMI

São Paulo

23/04/2024 15h16

O Fundo Monetário Internacional (FMI) espera que o crescimento na América Latina atinja uma média de cerca de 2% ao ano nos próximos cinco anos, abaixo da sua já baixa média histórica. Em postagem assinada por Gustavo Adler e Rodrigo Valdés no blog da instituição, é destacado que estas projeções são também consideravelmente mais fracas do que as de outras economias de mercado emergentes na Europa e na Ásia, que também deverão abrandar, mas ainda assim crescer 3% e 6% anualmente, respectivamente.

A perspectiva mais fraca reflete desafios de longa data de baixo investimento e crescimento lento da produtividade. O desafio adicional desta vez é que a demografia está mudando e a força de trabalho não crescerá tão rapidamente como antes, afirma o FMI.O crescimento populacional continuará desacelerando, caindo de cerca de 1% ao ano nas duas décadas anteriores à pandemia para cerca de 0,6% ao ano nos próximos cinco anos, projeta.

"Não é necessariamente uma má notícia, uma vez que uma população crescente não significa automaticamente um aumento do rendimento per capita - a medida mais relevante de bem-estar. Embora uma população maior signifique uma força de trabalho e uma produção agregada maiores, também significa um maior número de pessoas entre as quais a produção é compartilhada. Ainda assim, o crescimento da economia através de uma população maior pode ajudar de outras formas, nomeadamente aumentando as receitas para pagar os elevados níveis de dívida", ressalta.

Mais importante ainda, o dividendo demográfico está a diminuindo à medida que a população da região envelhece e a porcentagem da população em idade ativa atinge o seu pico, aponta o FMI. Isto significa que a parcela da população capaz de gerar renda deixará de crescer. É uma mudança importante, uma vez que esta porcentagem tem crescido até agora, permitindo que a força de trabalho cresça 0,5% ao ano desde 2000, destaca. "Em contrapartida, não esperamos nenhum crescimento na porcentagem da população em idade ativa nos próximos cinco anos, em média", projeta.

"Será fundamental uma maior integração das mulheres na força de trabalho. A sua participação continua baixa, atingindo apenas 52% das mulheres em idade ativa, em comparação com 75% dos homens", afirma. Os países podem aumentar a sua força de trabalho proporcionando oportunidades de formação profissional, aumentando a idade de aposentadoria e adotando políticas que facilitem o emprego de trabalhadores mais velhos, avalia. O combate à criminalidade - um fator importante por detrás da saída de migrantes em algumas partes da região - também deveria estar na agenda", sugere o FMI.

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