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Autoridades do BCE defendem firmemente corte de juros em junho, mas opiniões divergem sobre julho

17/04/2024 14h18

WASHINGTON/FRANKFURT (Reuters) - Autoridades do Banco Central Europeu (BCE) continuaram a defender nesta quarta-feira um corte nas taxas de juros em junho, apesar do aumento dos preços do petróleo e do enfraquecimento do euro, mas divergiram quanto à trajetória da política monetária além do movimento inicial.

O BCE sinalizou um corte para 6 de junho, mas as autoridades evitaram discutir o que acontecerá mais tarde, em parte devido à incerteza sobre os preços e em parte devido aos riscos de que o Federal Reserve, que define o tom para a economia mundial, possa adiar seus próprios cortes nos juros.

O chefe do banco central alemão, Joachim Nagel, defendeu totalmente o ajuste de junho, mas o membro do Conselho do BCE Piero Cipollone também pareceu considerar a possibilidade de outro movimento mais tarde.

"Se percebermos que os dados que estão chegando, e receberemos muitos dados em julho e junho... confirmarão nossa confiança de que a inflação está realmente (se movendo) para a meta, será apropriado remover algumas das restrições que colocamos em vigor", disse Cipollone em fórum do IIF em Washington.

O chefe do banco central grego, Yannis Stournaras, e o lituano Gediminas Simkus sugeriram que um ajuste em julho poderia estar em jogo, enquanto outros, inclusive a presidente do BCE, Christine Lagarde, não quiseram falar sobre qualquer assunto além da reunião de 6 de junho.

Nagel também foi cauteloso.

"Se os preços e a economia se desenvolverem conforme o esperado, eu defenderei um corte nas taxas de juros em junho", disse ele à revista alemã Wirtschaftswoche.

"Entretanto, os dados mais recentes dos EUA nos lembram que o retorno da inflação à meta não é um sucesso garantido. Portanto, é correto que o Conselho do BCE não tenha se comprometido com um corte em junho", disse Nagel.

Isabel Schnabel, membro do Conselho do BCE, também alemã, enfatizou que ela e seus pares devem considerar com cautela as previsões oficiais de que a inflação cairá para 2% e se manterá nesse patamar, e considerar cenários em que isso não aconteça.

"Em um cenário alternativo, o crescimento da produtividade permaneceria deprimido durante o horizonte da projeção e a demanda por serviços menos sensíveis à taxa de juros poderia permanecer suficientemente forte", disse ela em um evento em Washington.

"De modo geral, nesse cenário, as pressões dos preços subjacentes pode ser mais persistente e o retorno da inflação à meta de 2% pode ser adiado."

Os mercados agora veem apenas três cortes na taxa de depósito do BCE este ano, provavelmente em junho, setembro e dezembro, um grande recuo em relação a dois meses atrás, quando eram esperados entre quatro e cinco movimentos.

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