Indígenas acusam deputado do PSL de ameaçar ocupantes da Aldeia Maracanã
Indígenas locados na ocupação da Aldeia Maracanã, localizada onde funcionava o antigo Museu do Índio, no Rio de Janeiro, acusaram o deputado estadual Rodrigo Amorim (PSL-RJ) de ameaçar e fazer declarações racistas contra os membros da aldeia urbana na tarde de ontem.
Por meio da página da aldeia no Facebook, indígenas disseram que o deputado, que estava acompanhado do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) e de outros seis homens, foi até a ocupação "para fazer ameaças de remoção da comunidade e tecer injúrias racistas contra os indígenas".
"O grupo, todos sem máscara, voltou a dizer que o espaço, 'por ser altamente valorizado', deve ser retomado dos indígenas, não sem antes chama-los de 'lixo urbano', de 'falsos índios' de forma jocosa e debochada", disse a página Aldeia Rexiste ontem.
Em nota, Rodrigo Amorim confirmou a presença na aldeia na tarde de ontem, mas disse que estava apenas "verificando a denúncia de que ao lado do extinto museu é feita a queima de cabos elétricos e telefônicos roubados na Tijuca", bairro do Rio de Janeiro.
Segundo a Aldeia Rexiste, o grupo tentou entrar na aldeia, mas foi impedido pelos indígenas. Ainda de acordo com a página, pessoas que acompanhavam os deputados disseram que os indígenas "se aproveitavam de certos 'aspectos socialistas' da legislação para se manter" no local.
Amorim, que é o mesmo deputado que quebrou uma placa de rua com o nome da vereadora Marielle Franco (PSOL), morta em 2018, nas eleições gerais daquele ano, já havia aparecido de surpresa na Aldeia Maracanã no ano passado.
Também no ano passado, a Bolívia disse que denunciaria o Brasil na ONU (Organização das Nações Unidos) por "racismo de estado" após tomar conhecimento de falas do deputado Amorim chamando a Aldeia Maracanã de "lixo urbano".
O lado de Amorim
O deputado Rodrigo Amorim confirmou a presença na Aldeia Maracanã na tarde de ontem, mas disse que estava apenas "verificando a denúncia de que ao lado do extinto museu é feita a queima de cabos elétricos e telefônicos roubados na Tijuca", bairro do Rio de Janeiro.
Sobre as acusações de ameaças e ataques racistas contra a aldeia, Amorim disse que "estas não merecem comentários porque estão sob o manto da covardia e a mim não cabe julgar veículos que dão voz a essas acusações".
Ainda na nota, Amorim chamou a ocupação de "ilegal" e disse que ela ocorre "sob a tutela de militantes esquerdistas vagabundos".
O deputado defendeu que a aldeia se transforme em "novas atrações turísticas para a cidade" do Rio de Janeiro ao invés de "um monumento aos Derrotados de 2018 (referência ao pleito eleitoral daquele ano), que é o que verdadeiramente se tornou aquele local".
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