Premiê grego antecipa eleições após derrota do governo em pleito europeu
Ingrid Haack.
Atenas, 26 mai (EFE).- Atenas, 26 mai (EFE).- O primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, anunciou a convocação de eleições antecipadas no menor prazo possível após o governo liderado por seu partido, o esquerdista Syriza, sofrer uma grande derrota no pleito para o Parlamento Europeu realizado neste domingo.
Diante da clara vitória do partido conservador Nova Democracia por nove pontos percentuais de vantagem (33% a 24%) e em uma jornada de votação que também incluiu a realização de eleições regionais, com fracasso similar da legenda governista, Tsipras decidiu não esperar até o final do mandato, em outubro, para convocar um novo pleito nacional.
"Assim que terminar o segundo turno das eleições regionais (no próximo domingo), pedirei ao presidente que convoque imediatamente eleições", anunciou Tsipras ao tomar conhecimento dos primeiros resultados oficiais.
O premiê havia transformado o pleito para a Eurocâmara em uma espécie de moção de confiança sobre seu plano de alívio social, e a resposta foi negativa.
"Queremos que o povo decida se quer continuar o plano destinado a apoiar uma maioria ou se quer retornar à escuridão da austeridade", declarou.
Já o líder do Nova Democracia, Kyriakos Mitsotakis, criticou Tsipras por continuar no poder até o novo pleito, mesmo que antecipado, e pediu sua renúncia.
"Os resultados das eleições indicam que as pessoas retiraram a confiança que tinham no governo. O tempo até o fim formal do mandato parece pequeno, mas até lá (Tsipras) pode prejudicar ainda mais o país. A Grécia precisa de um novo governo. O primeiro-ministro deve renunciar pelo bem do país. Esta é a única solução clara", ressaltou.
Os resultados mostram que as medidas sociais anunciadas pelo governo há poucas semanas - redução do IVA (imposto sobre valor agregado) e restauração do 13º salário dos aposentados - não tiveram o efeito desejado por Tsipras.
Nas eleições gerais antecipadas, que devem acontecer em 30 de junho, Tsipras terá a missão de reverter o cenário de rejeição que saiu das urnas nas eleições para a Eurocâmara, que tradicionalmente funcionam como uma prévia.
No pleito deste domingo, a aliança social-democrata Kinal, que nasceu a partir da fusão do histórico Pasok com outros partidos de centro, ficou em terceiro, com 7,2% dos votos, seguida pelo partido comunista KKE, com 5,8%.
Com 4,8%, o neonazista Amanhecer Dourado caiu do terceiro lugar nas eleições de 2014 (quando recebeu 9,4% dos votos) para o quinto.
A grande surpresa do dia, com 4%, foi um partido de linha similar à do Amanhecer Dourado, chamado Solução Grega, que nasceu a partir da rejeição de alguns políticos e eleitores com a solução para o conflito com a Macedônia do Norte sobre o nome desse país (antes chamado apenas de Macedônia).
Um dos motivos da queda do Syriza nas urnas foi justamente a ampla aversão de boa parte da população e da maioria dos partidos - especialmente o Nova Democracia - ao acordo do governo Tsipras com o país vizinho.
Também inesperado foi o êxito do partido esquerdista Mera25, do ex-ministro de Finanças Yanis Varoufakis, que obteve 3,09%, superando a cláusula de barreira para conseguir um representante na Eurocâmara.
A participação de eleitores foi de 56,30%, similar à do pleito nacional de setembro de 2015, mas inferior à de 59,9% das eleições europeias de 2014.
Desencantados com as promessas descumpridas de Tsipras, os gregos parecem ter voltado às velhas receitas, votando literalmente em clãs.
Kyriakos Mitsotakis é filho do ex-primeiro-ministro conservador Konstantinos Mitsotakis, e o candidato com maiores possibilidades de ganhar a disputa para a prefeitura de Atenas no segundo turno, Kostas Bakoyannis, é sobrinho de Kyriakos e filho de Dora Bakoyanni, que por sua vez já foi prefeita de Atenas e ministra das Relações Exteriores. EFE
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