Extrema direita avança em legislativas na Bélgica
Bruxelas, 26 Mai 2019 (AFP) - O partido de extrema direita flamengo Vlaams Belang registrava, neste domingo (26), bons resultados nas eleições legislativas da Bélgica, segundo resultados parciais, enquanto o nacionalista N-VA caminhava para se tornar o primeiro partido do país.
Com 21% de votos apurados, o Vlaams Belang registrava 17,21% dos votos, em comparação com os 3,67% obtidos em 2014, enquanto a Nova Aliança Flamenga (N-VA) conquistava 26%, cinco pontos a mais do que em 2014.
"É uma primeira tendência. Se confirmada, mostraria que a Bélgica não está isenta da ascensão do populismo extremista como em outros países europeus", disse o primeiro-ministro belga, o liberal Charles Michel.
Mas o equilíbrio de poder neste reino ainda pode mudar, faltando a apuração dos votos na Valônia e em Bruxelas.
Em ambas as regiões, as pesquisas de boca de urna da televisão privada RTL para as eleições regionais, que também são realizadas neste domingo junto com as eleições legislativas e europeias, apontam os socialistas em primeiro lugar, seguidos pelos liberais e ecologistas.
Os ecologistas, que procuraram aproveitar uma recente onda de mobilizações para aumentar a conscientização sobre o clima, poderiam falhar em sua tentativa de se tornar uma força fundamental para formar um governo regional.
Os olhos estão voltados para a N-VA, que em 2014 deixou em segundo plano o seu programa de independência para se tornar o pilar do governo de coalizão liderado por Charles Michel.
Mas no final de 2018, seis meses antes das eleições, deixou o governo por sua oposição à assinatura do Pacto Global das Nações Unidas sobre Migração. Agora, espera liderar o futuro Executivo com Jan Jambon, ex-ministro do Interior.
Mas a tarefa não será simples neste reino dividido entre flamengos de língua holandesa no norte, valões de língua francesa no sul e uma minoria de língua alemã no leste.
As diferentes correntes políticas - socialistas, liberais, democratas-cristãos, ecologistas ... - dividem-se em dois para os falantes de francês e para os de holandês. E todos compartilham os 150 assentos do parlamento belga.
"As direitas radicais têm uma dinâmica positiva na Europa, onde a questão da identidade está presente, como no Flandres", disse o cientista político Pascal Dewit, da Universidade Livre de Bruxelas (ULB).
Sobre a questão dos refugiados, o ex-secretário de Estado para as Migrações, Theo Francken (N-VA), alimentou as teses do Vlaams Belang, abertamente anti-imigração. "Na retórica, é o mesmo", segundo o cientista político.
Com um Flandres muito ancorado à direita e valões que confirmam sua preferência pelos socialistas, embora enfraquecidos, pode acabar com o sonho dos ambientalistas de ser uma força fundamental, segundo vários especialistas.
Para Delwit, "no sistema belga, é realmente difícil ser imprescindível". "Um governo federal poderá ser constituído sem problemas sem os ambientalistas", acrescentou o cientista político Vincent Laborderie.
Para este último, o cenário mais provável é uma repetição da coalizão do partido de Michel com os liberais e democratas-cristãos flamengos.
A Bélgica, país de 11 milhões de habitantes e sede das principais instituições da União Europeia (UE) e da OTAN, é conhecida pelas longas negociações para formar um governo que, em 2010-2011, levou 541 dias.
mad-tjc/age/mr
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