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Itália devolve à França obra de Banksy roubada em Paris

14/07/2020 12h38

A Itália restituiu oficialmente à França nesta terça-feira (14) um trabalho atribuído ao artista Banksy. A obra em homenagem às vítimas dos ataques de novembro de 2015 em Paris havia sido roubada em 2019 e foi recentemente encontrada em uma fazenda perto de Roma.

O quadro "Bansky's Gate", que representa uma garota triste, foi devolvido ao embaixador francês em Roma, Christian Masset, na presença do procurador de Aquila, responsável pela região de Abruzzes, onde a obra foi encontrada no início de junho. Ela será exibida no Palácio Farnese, que abriga a embaixada francesa na capital italiana. A data e as condições de seu retorno à França ainda não foram divulgadas.

Segundo a agência italiana Agi, a obra poderá ser exposta em breve na sede da Unesco em Paris. Mas a informação ainda não foi confirmada pela agência da ONU.

Roubo

A obra é uma homenagem às 90 pessoas que morreram na casa de shows, que foi um dos locais visados na série de ataques jihadistas à capital francesa, em 13 de novembro de 2015. O trabalho do conhecido artista britânico Banksy, um dos mais valorizados da atualidade, foi pintado em 2018 em uma das saídas de emergência do Bataclan, por onde muitos dos espectadores do show do Eagles of Death Metal fugiram durante o ataque terrorista.

O roubo provocou uma "profunda indignação", segundo a equipe do Bataclan. O "símbolo de recolhimento que pertencia a todos os vizinhos, parisienses, cidadãos do mundo, nos foi tirado", lamentaram os responsáveis pela casa de shows na época.

Os ladrões, encapuzados, cortaram a porta onde a obra foi pintada e roubaram a obra na noite de 25 a 26 de janeiro de 2019. O crime foi filmando pelas câmeras de vigilância. Seis suspeitos foram detidos no final de junho na França após uma vasta operação policial. Dois deles foram indiciados por formação de quadrilha e roubo, e quatro por receptação. Segundo a agência Agi, dois suspeitos são italianos nascidos na França e ainda há um foragido.

Napoleão e rato mascarado

O artista britânico, cuja identidade é mantida em segredo, é um dos mais cotados do mundo em seu gênero, a street art. Em junho de 2018, ele espalhou em Paris uma série de obras em estêncil de tom politico.

Ele reivindicou a paternidade de oito delas em sua conta Instagram. Entre elas, a menina triste na porta do Bataclan, uma releitura do quadro "Napoleão atravessando os Alpes", de Jacques Louis David, uma menina desenhando em uma suástica que foi pintada nas proximidades de um antigo centro de acolhida de refugiados em Paris, além de um rato mascarado com um estilete, próximo ao Centro de artes Georges Pompidou.

Esta última obra, realizada na parte de trás de uma placa de entrada de um estacionamento, também foi roubada em setembro de 2019. O Centro Pompidou, que abriga importantes coleções principalmente de arte moderna, prestou queixa por "roubo e degradação, em um espaço dentro de seu perímetro."

Um homem, acusado em fevereiro pela justiça francesa, afirma que agiu a mando de Banksy. A obra em questão não foi encontrada, mas outras produções do artista foram apreendidas durante buscas realizadas na investigação. O suspeito seria próximo ao "universo da arte urbana", segundo seu advogado.

Em cidades como Paris, Londres e Nova York, as obras atribuídas ao artista britânico oferecem visibilidade a temas que fazem parte de debates sociais, como a questão dos refugiados. Banksy também gosta de confundir a imprensa e o mercado da arte.

Em outubro de 2018, uma reprodução de uma de suas mais célebres imagens, "Girl with Balloon", vendida por quase €1.185 milhão em um leilão na Sotheby's em Londres, se autodestruiu parcialmente graças a um mecanismo escondido em sua moldura, cortando uma parte da imagem em lâminas verticais, logo após a venda. Essa ação fez o artista entrar para a posteridade e garantiu uma fama de celebridade planetária.

 

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