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Ministra francesa das Forças Armadas pede que EUA mantenham apoio à luta contra terrorismo no Sahel

27/01/2020 16h26

A ministra francesa das Forças Armadas, Florence Parly, pediu aos Estados Unidos nesta segunda-feira (27) que mantenham seu apoio militar ao combate contra os jihadistas na zona do Sahel. Ela não recebeu, entretanto, nenhuma garantia de Washington.

"O apoio americano aos cerca de 4.700 soldados da operação Barkhane é essencial e sua redução limitaria a eficácia das nossas operações contra os terroristas", declarou a ministra francesa, depois de um encontro no Pentágono com o secretário americano da Defesa, Mark Esper. Washington fornece à França, a partir de suas bases no Níger, um suporte logístico, de abastecimento aéreo e vigilância, com drones equipados de um sistema capaz de interceptar mensagens. Os soldados franceses atuam no Mali, no Níger e no Burkina Faso.

Em uma coletiva ao lado de Parly, Esper declarou que nenhuma decisão havia sido tomada. "Meu objetivo é ajustar nossa presença militar em vários locais", declarou. Ele lembrou que os Estados Unidos querem "realinhar" suas forças no mundo em resposta à ameaça considerada "crescente" da China e da Rússia, em um contexto de concorrência entre as grandes potências. Essa reorientação estratégica, que afeta diretamente a guerra contra o terrorismo, preocupa a França.

"Tenho conversado com a ministra há meses e continuaremos a fazê-lo na hora de tomar as decisões", declarou o secretário americano. "Tenho certeza de que manteremos nosso diálogo sobre essas questões", disse a ministra francesa. Ela lembrou que a França é um dos parceiros mais "sólidos" dos Estados Unidos na luta contra grupos terroristas.

Recentemente, o chefe do Estado-Maior das Forças americanas, general Mark Milley, também declarou que os Estados Unidos pretendiam reduzir sua presença na África. A decisão acontece em um momento em que a França e seus parceiros africanos buscam aumentar os esforços comuns contra a ação dos grupos jihadistas na região do Sahel. Esse foi o resultado anunciado depois da reunião entre o presidente francês, Emmanuel Macron, e os líderes africanos, em 13 de janeiro.

Retirada americana "não tem sentido"

Na semana passada, o chefe do Estado-Maior das Forças Armadas francesas, François Lecointre, disse que os militares americanos presentes no Sahel "não veem nenhum sentido na retirada" porque os grupos ligados à Al-Qaeda e ao Estado Islâmico multiplicam os ataques na região africana e do Sahara. Há um risco real de que o grupo Estado Islâmico reconstitua seu "califado" perdido no Oriente Médio.

A decisão do Pentágono deve ser anunciada em março e pode ser influenciada pela agenda eleitoral de Trump, que prometeu trazer os soldados americanos para casa. E o chefe do Pentágono tende a corroborar os anúncios de Trump, como foi o caso da retirada precipitada dos soldados americanos do norte da Síria, em outubro.

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