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Mãe de menino de 4 anos morto pela PM: 'Dói fazer o mesmo caminho todo dia'

do UOL

Do UOL, em São Paulo

05/12/2024 18h47

A merendeira Beatriz da Silva Rosa, mãe do pequeno Ryan da Silva Andrade, de 4 anos, morto em ação da Polícia Militar, em Santos, no litoral paulista, se emocionou ao relatar a nova rotina de vida após a perda do filho. O desabafo foi feito durante entrevista ao UOL News, do Canal UOL, nesta quinta-feira (5).

Está sendo muito difícil para mim, porque eu perdi a rotina do dia a dia. Eu acordava, trocava, o levava para escola, ia trabalhar. Hoje, eu fico perdida de manhã. Para ir trabalhar, eu tenho que fazer o caminho que eu fazia para levá-lo para a escola todo dia. Olho para a cama dele e penso: 'Cadê o meu filho?' Não tenho mais o meu filho.
Beatriz da Silva Rosa, mãe do menino Ryan

Ryan brincava na rua no Morro do São Bento momentos antes dos disparos. Estava com os irmãos quando foi atingido por um tiro na barriga. Ele chegou a ser levado à Santa Casa, mas não resistiu ao ferimento.

Estou vivendo os piores nove meses da minha vida. Perdi o marido. Depois de quatro meses perdi a minha avó. Agora, eu perdi o meu filho [o Ryan]. E assim, eu venho procurando respostas desde o Leonel [seu marido]. Tenho mais dois filhos. Já não consigo dormir nas minhas piores noites.

Beatriz era mulher de Leonel Andrade, homem fotografado de muletas e sentado na calçada, uma hora antes de ser morto na Operação Verão, há 9 meses. "E assim, eu tive que levantar e ir trabalhar. Porque, se eu não trabalhar, quem vai sustentar as crianças? Quem vai pagar o meu aluguel, a minha água ou a minha luz? Já não tenho também o meu marido, que me ajudava."

Por enquanto, a gente só está esperando por uma resposta, o final do inquérito. A gente só fica com aquele vazio, aquela angústia.
Beatriz da Silva Rosa, mãe do menino Ryan

PMs envolvidos na operação foram afastados

Ao UOL, a Polícia Civil disse ter aberto inquérito para apurar a origem do disparo. A SSP (Secretaria da Segurança Pública) informou que fará perícia nas armas apreendidas dos policiais militares envolvidos na ocorrência e no local onde a criança foi baleada. Segundo a PM, sete policiais envolvidos na ação foram afastados das ruas.

Questionada sobre a operação, a PM disse que fazia patrulhamento quando foi atacada por um grupo de dez suspeitos e revidou disparos. Além de Ryan, um adolescente de 17 anos morreu e outro de 15 foi baleado na ação. Moradores contestam a versão da PM e negam o confronto.

Escalada de violência policial

A PM matou 474 pessoas durante ações policiais no estado de São Paulo, entre janeiro e setembro deste ano, segundo dados contabilizados pela própria Secretaria de Segurança. A maioria dos alvos (64%) é formada por pessoas negras (255 pardos e 51 pretos). Ainda há 143 vítimas identificadas como brancas, enquanto as outras 25 pessoas não tiveram a cor da pele registrada.

O levantamento feito pelo UOL mostra ainda que 99% das vítimas são homens, como o estudante Marco Aurélio Cardenas Acosta. A capital paulista lidera a lista de mortos com 122 casos, seguida de Santos, com 36, e São Vicente, 29.

Assista abaixo ao UOL News na íntegra:

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