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Métodos brutais: como age a PGC, facção que entrou em guerra com PCC em SC

Barricadas e carros queimados marcaram a tarde da grande Florianópolis em 19/10, na foto a BR 101 em Tijucas (próximo a empresa Portobello) - CBMSC
Barricadas e carros queimados marcaram a tarde da grande Florianópolis em 19/10, na foto a BR 101 em Tijucas (próximo a empresa Portobello) Imagem: CBMSC
do UOL

Colaboração para o UOL

21/10/2024 11h47

Os recentes conflitos entre facções em Santa Catarina, com incêndios e mortes, trouxeram à tona a guerra entre o PGC (Primeiro Grupo Catarinense) e o PCC (Primeiro Comando da Capital), duas das maiores organizações criminosas do país.

O que aconteceu

Na última semana, a região de Florianópolis foi palco de uma série de ataques criminosos, com barricadas e veículos incendiados. O estopim para esses ataques foi uma operação policial em Papaquara, bairro da capital catarinense, que resultou na morte de um homem e em prisões ligadas à disputa territorial entre as facções PGC e PCC. Mas, afinal, o que é o PGC?

O PGC (Primeiro Grupo Catarinense) é uma organização criminosa fundada dentro do sistema penitenciário de Santa Catarina. Ele surgiu como uma reação local ao avanço do PCC, que buscava expandir sua influência para o estado. A facção catarinense conseguiu se consolidar em pouco tempo e, hoje, é uma das principais potências criminosas do sul do Brasil.

O objetivo principal da facção é o controle do tráfico de drogas e outras atividades ilícitas em Santa Catarina. Com o passar do tempo, o PGC formou alianças estratégicas com outras facções criminosas brasileiras, como o Comando Vermelho (CV) e a Família do Norte (FDN). Essas alianças ampliaram sua atuação para fora do estado.

A facção segue uma estrutura hierárquica rígida, com uma linha de comando forte e centralizada. Mesmo com líderes presos, as ordens continuam sendo emitidas de dentro dos presídios, mantendo o controle sobre as ações da facção tanto dentro quanto fora das penitenciárias. Conforme relatado em um estudo da Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina), de autoria de Suiane França Goulart, o PGC opera de maneira semelhante ao PCC, com uma organização disciplinada e bem estruturada.

A rivalidade entre o PGC e o PCC começou quando a facção paulista, o PCC, tentou estender seu domínio sobre o tráfico de drogas em Santa Catarina. A reação do PGC foi imediata, levando a uma guerra sangrenta entre as duas facções. A disputa envolve não apenas o controle das rotas de tráfico de drogas, mas também a influência no sistema penitenciário do estado.

O PGC, apesar de local, conseguiu resistir à expansão do PCC em muitas regiões de Santa Catarina. Sua capacidade de reagir violentamente a tentativas de invasão de território por parte do PCC consolidou seu poder, mas também levou a um aumento nos confrontos entre as facções, afetando diretamente a segurança pública, segundo aponta o estudo da Unisul.

A atuação do PGC

Embora tenha nascido nos presídios catarinenses, o PGC estendeu suas operações para além das fronteiras do estado. O tráfico de drogas, assaltos e homicídios são algumas das atividades controladas pela facção. Segundo o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), o grupo utiliza métodos brutais para manter a disciplina interna e o controle sobre as comunidades.

Os métodos brutais usados pelo PGC, segundo o estudo da Unisul, incluem execuções de rivais, sequestro de familiares de devedores de tráfico, imposição de "missões" como assassinatos dentro e fora dos presídios, além de emboscadas. Esses métodos servem como forma de disciplina interna e punição por inadimplências ou infrações dentro da facção. Se um membro acumula dívidas ou falha em cumprir as ordens da facção, pode ter que realizar essas missões ou enfrentar a própria execução.

A facção também se envolve em atividades de corrupção, principalmente no sistema penitenciário. O controle de presídios é uma das principais fontes de poder da facção, que consegue manipular e corromper funcionários públicos para manter o fluxo de drogas e armas.

Nos últimos anos, o PGC esteve envolvido em uma série de ataques violentos em Santa Catarina. Em resposta a operações policiais, a facção coordenou ataques incendiários e barricadas, que causaram pânico nas cidades. Esses ataques são uma estratégia usada para desviar a atenção das forças de segurança e demonstrar poder perante a sociedade e facções rivais.

Em setembro deste ano, Florianópolis e cidades vizinhas foram alvo de uma onda de incêndios provocados por membros do PGC. Segundo a Polícia Civil de Santa Catarina, os ataques ocorreram após uma operação policial no norte da ilha, em uma tentativa de retaliação. Ulisses Gabriel, chefe da Polícia Civil, afirmou que os eventos foram pontuais e não coordenados a partir dos presídios, como sugerido inicialmente.

As autoridades catarinenses intensificam as operações para combater o avanço do PGC. O governador de Santa Catarina, Jorginho Mello, garantiu que o estado não cederá à pressão de facções criminosas. Ele declarou que o governo está empenhado em desmantelar as organizações criminosas que ameaçam a segurança pública do estado.

Operações conjuntas entre a Polícia Civil, Militar e o Ministério Público são realizadas com frequência. Essas ações visam desarticular os núcleos de comando da facção e enfraquecer suas bases operacionais. Entretanto, os confrontos entre PGC e PCC continuam a representar uma ameaça à paz e à ordem em Santa Catarina.

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