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Quem era o secretário que matou a mãe e tirou a própria vida no Guarujá?

Advogado é suspeito de matar a mãe e tirar a própria vida - Reprodução/Redes sociais
Advogado é suspeito de matar a mãe e tirar a própria vida Imagem: Reprodução/Redes sociais
do UOL

Do UOL, em São Paulo*

19/09/2024 17h41

O advogado Thiago Felipe de Souza Avanci, ex-secretário na Prefeitura de Guarujá (SP), matou a própria mãe, o cachorro da família e, na sequência, se suicidou, após ser denunciado por estupro, segundo a Polícia Civil.

O que aconteceu

Advogado tinha 39 anos e ocupou vários cargos públicos na prefeitura do Guarujá. Ele se formou em Direito pela Universidade Católica de Santos (UniSantos), aos 22 anos. Em 2011, se tornou mestre em Direito, com bolsa integral por mérito, aprovado com excelência. Foi nesta época que ele foi sócio do escritório de advocacia Nastri & Avanci, no Guarujá, com a mãe, a advogada Sueli Nastri Souza Avanci.

Thiago fez outros cursos de especialização. Em 2020, se tornou doutor em Direito Político e Econômico pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e, paralelamente, se especializou em Gestão Pública Municipal na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). Daí, passou a ocupar cargos públicos.

Iniciou o processo na administração municipal do Guarujá. Foi assessor na Segov (Secretaria de Coordenação Governamental) e, depois, nomeado assessor de Assuntos Estratégicos. Na sequência, Thiago atuou na Emurg (Empresa de Urbanização de Guarujá). Por fim, ele assumiu a Semod (Secretaria de Modernização e Transformação Digital). Thiago pediu demissão no dia em que morreu.

Profissional participava de workshops e dava palestras. Thiago deu aulas em seis universidades e era professor de Direito na UniSantos. "A capacidade dele como professor era inegável, mas, como pessoa, passava a impressão de ser uma pessoa ambígua. Ele era introspectivo, não fazia amizades com muita facilidade", contou uma ex-aluna, que pediu para ser identificada apenas pelo primeiro nome, Adriana, à agência Estadão Conteúdo.

Falava vários idiomas e escreveu um livro. Um boletim de ocorrência foi feito após Thiago entregar um envelope com conteúdo no qual ele se despedia e confessava ter abusado do sobrinho, um adolescente de 17.

Relembre o caso

Thiago cometeu os crimes na casa em que morava com a mãe, Sueli, 72, no bairro Balneário Praia Pernambuco. O advogado assassinou a mãe, o cão e se matou horas depois de deixar o cargo na prefeitura e de ser alvo de uma investigação da Polícia Civil de São Paulo por suspeita de estuprar um familiar, segundo informações que constam no boletim de ocorrência.

Ex-secretário matou Sueli e se matou com tiros disparados por uma pistola calibre .38, segundo a polícia. O UOL apurou que mãe e filho foram encontrados mortos no mesmo quarto, com o cachorro ao lado — não havia marcas de ferimentos no animal. A polícia apura as circunstâncias em que o pet pode ter sido morto. No local, foram apreendidos a arma usada no crime, munições, aparelhos telefônicos e um notebook.

Avanci havia sido denunciado pela própria família pelo estupro. Os familiares descobriram que ele abusava de um jovem após o próprio Thiago entregar ao irmão, pai da vítima, um envelope com documentos e um pen drive. Posteriormente, ele pediu o pen drive de volta, mas sua cunhada verificou o conteúdo e encontrou gravações do advogado mantendo relações. As informações foram reveladas pela TV Tribuna e confirmadas pelo UOL.

Abusos aconteciam havia cerca de um ano, aponta a investigação. A denúncia foi registrada na Delegacia de Defesa da Mulher de Santos. Na manhã da terça-feira (17), a polícia cumpriu mandado de busca e apreensão na casa do advogado. Antes de matar a mãe e se matar, ele chegou a prestar depoimento. O teor das declarações não foi divulgado.

Thiago era secretário da Prefeitura do Guarujá. Ao UOL, a prefeitura informou que Avanci ingressou na Administração Municipal em 2019, como assessor na Secretaria de Coordenação Governamental. Ele ocupou outros cargos na gestão local, até assumir a Secretaria de Modernização e Transformação Digital em junho deste ano. Ainda segundo a prefeitura, foi o próprio Thiago que pediu para ser exonerado do cargo na terça-feira (17). A exoneração foi publicada no Diário Oficial do Município nesta quarta-feira (18).

Como denunciar violência contra crianças e adolescentes

Denúncias sobre violência contra crianças e adolescentes podem ser feitas pelo Disque 100 (inclusive de forma anônima), na delegacia de polícia mais próxima e no Conselho Tutelar de cada município.

Se for um caso de violência que a pessoa estiver presenciando, pode ligar no 190, da Polícia Militar, para uma viatura ir no local. Também é possível se dirigir ao Fórum da Cidade e procurar a Promotoria da Infância e Juventude.

Quem não denuncia situações de perigo, abandono e violência contra crianças e adolescentes pode responder pelo crime de omissão de socorro, previsto no Código Penal. A lei Henry Borel também prevê punições para quem se omite.

Funcionários públicos que se omitem no exercício de seus cargos, em escolas, postos de saúde e serviços de assistência social, entre outros, podem responder por crime de prevaricação.

Procure ajuda

Caso você tenha pensamentos suicidas, procure ajuda especializada como o CVV (www.cvv.org.br) e os Caps (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade. O CVV funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.

*Com informações da agência Estadão Conteúdo

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