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Guerra comercial de Trump gera impactos na geopolítica e na economia global

19/04/2025 08h48

As revistas semanais francesas analisam como a guerra comercial de Donald Trump pode transformar a geopolítica e criar uma nova ordem global. Em sua reportagem de capa, a L'Express destaca que a China vem se preparando há anos para esse embate de titãs com os Estados Unidos.

No papel, atualmente, Pequim tem maior dependência comercial de Washington do que o inverso. Na prática, no entanto, os chineses dispõem de um número maior de mecanismos de ação para resistir a um confronto comercial de longo prazo.

Na avaliação da L'Express, a segunda maior economia do mundo pode sofrer um pouco, mas a própria natureza de seu regime autoritário confere ao governo chinês a capacidade de controlar os danos, enquanto o concorrente americano não dispõe desse tipo de amortecedor.

Em entrevista à publicação, o prêmio Nobel de Economia, o francês Jean Tirole (2014), aponta uma série de falsas soluções que a União Europeia deve evitar nas negociações com os Estados Unidos em troca de tarifas aduaneiras mais baixas. Entre os erros mencionados estão concessões em temas geopolíticos, políticas de concorrência, regulamentação de dados pessoais ou investimentos em pesquisa científica. Tirole detalha uma série de "oportunidades de resiliência" disponíveis para os europeus, desde que permaneçam unidos e aceitem que toda resistência tem um custo.

Já a Le Point, lamenta que os americanos que votaram em Trump não tenham percebido que a política protecionista que ele prometeu durante a campanha não funciona mais na atual conjuntura. A revista sublinha que a China tem mais chances de sair fortalecida desse embate, enquanto os Estados Unidos se isolam e enfraquecem por conta de seu próprio líder. A União Europeia, por sua vez, enfrenta o desafio de realizar volumosos investimentos para superar o atraso tecnológico e a dependência na área de defesa.

Após uma semana de extrema volatilidade nos mercados, a Le Nouvel Obs acredita que Trump não parece estar buscando o confronto com o resto do mundo, mas sim negociações. A publicação recomenda prudência em meio à tempestade, embora o estrago esteja feito: a economia global continua desacelerando, a economia europeia está paralisada, mas a perspectiva de inflação permanece baixa, apesar do aumento temporário nos preços causado pela alta das tarifas.

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