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Essa tragédia nos faz reviver tudo, diz tutor de cão morto em voo em 2021

Cachorro do engenheiro Giuliano Conte morreu em um voo da Latam - Reprodução/Instagram
Cachorro do engenheiro Giuliano Conte morreu em um voo da Latam Imagem: Reprodução/Instagram
do UOL

Do UOL, em São Paulo

26/04/2024 04h00

O tutor de um cachorro morto durante voo da Latam, entre São Paulo e Sergipe, em 2021, ainda briga na Justiça por indenização. Em entrevista ao UOL, ele conta que a morte do golden retriever Joca, em um voo da Gol na segunda-feira (22), traz as lembranças a tona. "Parece que revivemos tudo que passou", disse.

O que aconteceu

O engenheiro civil Giuliano Conte, de 31 anos, era tutor de Weiser. O cachorro era da raça American Bully e morreu em outubro de 2021, durante viagem num avião de carga da Latam.

O caso foi parar na Justiça. A defesa de Giuliano entrou com pedido de indenização por danos materiais e morais contra a companhia aérea. O juiz fixou a indenização em R$ 10 mil, que foram depositados pela Latam em juízo, mas a defesa recorreu para conseguir a condenação em R$ 50 mil.

Entendemos que a indenização jamais compensaria o sofrimento dos tutores do Weiser, mas a punição da Latam se faz necessária, pois agiram de forma completamente irresponsável no transporte do Weiser, e esse episódio não pode ser repetido
Defesa de Giuliano Conte, em nota

A defesa diz ainda que a Latam nunca se responsabilizou pelo caso. E que a empresa chegou a argumentar que a morte foi por uma condição natural de cachorros de porte grande. "[O argumento] foi rechaçado pelo magistrado ante as provas produzidas", informou.

O que diz a Latam Brasil. Procurada, a empresa informou que, em 2021, suspendeu por dois meses a venda de transportes de animais de estimação "para aprimorar a sua política e implementar novas restrições e protocolos para a prestação desse serviço". Em 2024, descartou a exigência de peso máximo de até sete quilos para animais na cabine dos aviões.

Agora, todos os pets podem embarcar na cabine desde que consigam ficar em pé e se movimentar naturalmente sem tocar as paredes ou o teto de uma bolsa ou caixa de transporte com até 25 cm de altura, 28 cm de largura e 40 cm de comprimento
Latam Brasil, em nota

Na segunda-feira (22), um cão morreu durante uma falha no transporte aéreo da Gollog, empresa da companhia aérea Gol. Chamado de Joca e da raça golden retriever, o cachorro deveria ser levado do Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP) para Sinop (MT), onde seu tutor o aguardava, mas foi parar em Fortaleza. Após a constatação do erro no destino, ele retornou a Guarulhos, mas chegou morto.

Relembre o caso de Weiser

"Falar sobre o Weiser é sempre delicado para mim", disse Giuliano. "Era o nosso companheiro. Nós sentimos muito quando continuamos vendo tragédias como essas acontecendo. Parece que revivemos tudo que passou, infelizmente".

No caso do cachorro de Giuliano, foi uma viagem entre São Paulo e Aracaju, onde ele morava. O engenheiro estava acostumado a viajar com a esposa e o cachorro no mesmo voo. Usava sempre a mesma caixa. O animal estava adaptado e tinha liberação do veterinário. "Nunca teve problema", relembra.

Ao embarcar, Giuliano foi avisado que o animal não poderia viajar daquela forma. A Latam exigiu uma nova caixa, passou as especificações, e informou que Weiser deveria viajar em um voo de carga. "Ele ficou com a minha mãe em São Paulo até eu conseguir mandar produzir essa caixa. A Latam olhou [a caixa], autorizou e falou que ele poderia embarcar pela Latam Cargo".

Foto mostra caixa onde Weiser foi transportado - Reprodução  - Reprodução
Foto mostra caixa onde cachorro foi transportado
Imagem: Reprodução

"Pediram para ele chegar ao aeroporto às 8 horas da manhã, sendo que o voo era ao meio-dia", disse. Depois do embarque, seriam mais duas horas e meia de viagem até o destino. Giuliano conta que o cão não comeu, nem bebeu durante todo esse tempo. Ao chegar ao aeroporto em Aracaju para buscar o animal, foi avisado sobre a morte.

"Alegaram que não tinha sido culpa deles. É uma coisa absurda de ouvir depois de uma tragédia dessa", disse. "Pelo que aponta o laudo, ele se asfixiou com um pedaço da caixa. É o que eles alegaram. Mas a caixa era a que eles exigiram. A que ele estava acostumado a viajar, no mínimo, umas dez vezes, nunca teve problema nenhum".

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