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Biden reitera a Netanyahu que se opõe à invasão de Rafah

Joe Biden e Benjamin Netanyahu, em visita do presidente americano a Israel em outubro do ano passado  - Evelyn Hockstein - 18.out.23/Reuters
Joe Biden e Benjamin Netanyahu, em visita do presidente americano a Israel em outubro do ano passado Imagem: Evelyn Hockstein - 18.out.23/Reuters

06/05/2024 15h26

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reiterou ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que se opõe à invasão de Rafah, informou a Casa Branca, depois que Israel pediu aos palestinos que evacuassem parte desta cidade de Gaza, desafiando as advertências americanas.

Ambos os líderes conversaram nesta segunda-feira (6), em meio à ofensiva diplomática de Biden para retomar as negociações sobre um cessar-fogo entre Israel e o Hamas, e pouco antes de um almoço com o rei Abdullah II da Jordânia na Casa Branca.

Biden disse a Netanyahu em abril que invadir Rafah seria um "erro". Washington se opõe a uma ofensiva sem um plano para ajudar os cerca de 1,2 milhão de civis refugiados ali.

"O presidente reiterou sua posição clara sobre Rafah", informou a Casa Branca em um breve comunicado.

Na nota, acrescentou que Biden também informou o primeiro-ministro israelense sobre as negociações para libertar os reféns no poder do pelo grupo islamista palestino Hamas.

Netanyahu, por sua vez, "concordou em garantir que a passagem fronteiriça de Kerem Shalom permaneça aberta para ajuda humanitária", depois de Israel tê-la fechado após um ataque com foguetes do Hamas, disse a Casa Branca.

Biden não respondeu às perguntas dos jornalistas e dirigiu-se ao Salão Oval, ao retornar à Casa Branca depois de um fim de semana em sua casa em Wilmington (nordeste).

Anteriormente, um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional disse à AFP que os Estados Unidos continuam acreditando "que um acordo sobre os reféns é a melhor forma de preservar suas vidas e evitar uma invasão de Rafah, onde mais de um milhão de pessoas estão refugiadas".

"Essas negociações estão em andamento agora", acrescentou.

Biden está sob crescente pressão interna por causa da guerra em Gaza em pleno ano eleitoral, com protestos pró-palestinos abalando os campi universitários americanos nas últimas semanas.

A renomada Universidade Columbia de Nova York anunciou, nesta segunda-feira, que cancelou sua principal cerimônia de formatura marcada para a próxima semana.

'Catástrofe'

O Exército israelense pediu, nesta segunda-feira, que os palestinos evacuassem o leste de Rafah. Washington acredita que esta medida foi tomada em resposta a um ataque com foguetes de milicianos do Hamas que matou quatro soldados israelenses no domingo.

O pedido de evacuação ocorreu após o desacordo entre Israel e o Hamas sobre as exigências do grupo islamista para acabar com a guerra de sete meses, intensificado durante as negociações do fim de semana no Cairo.

As consultas entre os Estados Unidos e o Catar, que assim como o Egito atuam como mediador, estavam marcadas para esta segunda-feira em Doha, mas veículos da imprensa afirmam que as negociações ficaram paralisadas após o ataque com foguetes.

O Hamas insiste em que um cessar-fogo deve ser definitivo e Israel mantém a promessa de aniquilar o movimento palestino, que em 7 de outubro realizou um ataque sem precedentes em seu território, que desencadeou a guerra.

Naquele dia, comandos islamistas lançaram um ataque no sul de Israel, no qual 1.170 pessoas, a maioria civis, morreram e cerca de 250 foram sequestradas, segundo uma estimativa baseada em dados israelenses.

As autoridades israelenses estimam que, após uma troca de reféns por prisioneiros palestinos em novembro, 128 pessoas permaneçam cativas em Gaza e que 35 morreram até agora.

A ofensiva de retaliação lançada por Israel já deixou 34.735 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo o Ministério da Saúde do território palestino governado pelo Hamas.

O almoço de Biden com o rei da Jordânia, um importante aliado dos EUA no Oriente Médio, se concentrará nas negociações de cessar-fogo.

A reunião será privada, sem acesso para a imprensa, mas será emitido um comunicado, informou a Casa Branca.

O rei jordaniano viajou pela última vez à Casa Branca em fevereiro, quando pediu um cessar-fogo imediato e advertiu que um ataque a Rafah causaria uma "catástrofe humanitária".

Em abril, a Jordânia trabalhou com os Estados Unidos e outros aliados para derrubar drones lançados por Teerã contra Israel.

A aparente determinação de Israel em continuar a ofensiva de Rafah revela as dificuldades de Biden em influenciar as decisões deste grande aliado ao qual concede apoio militar e diplomático.

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