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Após casa furtada, idoso fica sem ajuda no RS: 'Na hora do voto aparecem'

Luís Adorno e Marcelo Ferraz
do UOL

Do UOL em Encantado (RS)

19/05/2024 04h00

O pedreiro Genoíno da Rosa, 60 anos, morava com a mulher em sobrado à beira do rio Taquari, na cidade de Encantado, no Rio Grande do Sul, havia quatro anos. Na enchente do começo deste mês, a inundação destruiu a casa por completo.

Assim que a água começou a invadir sua casa com velocidade, o pedreiro partiu para a casa do filho, que fica em uma área mais alta da cidade. Quando voltou, percebeu que não perdeu apenas o lugar onde vivia.

"Me roubaram tudo. O que tinha de bom levaram embora. As ferramentas que eu tinha, porque trabalho de pedreiro, levaram. Também me levaram mais de oito cabos de luz. Levaram tudo de valor. Cerca de R$ 1,5 mil só de coisas", lamentou.

Na tarde desta quarta-feira, juntamente com o filho e o neto, ele queimava os móveis que sobraram da enchente.

Tô queimando meus móveis aqui, porque, se botar na rua, leva 15 dias pra [prefeitura] tirar. Aí ó: tudo. O colchão, o sofá... Tudo perdido. Perdido
Genoíno da Rosa, 60 anos

O pedreiro afirmou que, durante a vida inteira, esse é o período mais doloroso para ele: "eu tô com 60 anos e nunca tinha visto algo desse tamanho".

Ele foi até a prefeitura de Encantado para tentar pedir um caminhão que pudesse levar suas coisas. Mas, segundo ele, a prefeitura cobrou para ceder um caminhão. "Ninguém quis me dar. Só se eu pagasse."

15.mai.2024 - Trecho do Vale do Jacaré, em Encantado, no Rio Grande do Sul, acometido por enchente - Marcelo Ferraz/UOL - Marcelo Ferraz/UOL
15.mai.2024 - Trecho do Vale do Jacaré, em Encantado, no Rio Grande do Sul, acometido por enchente
Imagem: Marcelo Ferraz/UOL

Além do sobrado, Genoíno tinha na parte de trás do terreno outra casa, menor. O que sobrou no local foram entulhos. "A outra casa também caiu tudo. Caiu inteira. Inteira. Caiu tudo inteira. Está difícil", relatou.

Somado à complicação da enchente, o pedreiro é diabético. E afirmou que, recentemente, está afastado do trabalho porque teve que amputar parte do pé. Desde quando ficou sem casa, ele vive na casa do filho. Até agora, não decidiu o que fazer mais adiante.

"É complicado, mas é melhor ele ficar aqui, né? Pegar um morro é capaz de [um desmoronamento] tampar a gente, né?", refletiu.

O pedreiro relembrou que, no período das eleições, cansou de receber visitar de candidatos a vereador na cidade.

"Agora não apareceu um vereador para perguntar o que a gente precisa. Na hora de voto tem um monte, né? Tem que pensar bem em quem votar."

Sem esperanças, ele pede ajuda das autoridades, seja qual for o governo: federal, estadual ou municipal. O que tem recebido até agora, segundo ele, são apenas desejos de boa sorte.

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