Indígenas exigem volta de subsídios a combustíveis para dialogar com Moreno
Quito, 11 out (EFE).- Manifestantes indígenas que protestam contra o governo do Equador há mais de uma semana afirmaram nesta sexta-feira que só dialogarão com o presidente do país, Lenín Moreno, depois da revogação do polêmico decreto que pôs fim aos subsídios a combustíveis e provocou as manifestações.
Em comunicado, a Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie), que tem 10 mil pessoas mobilizadas em Quito, colocou a revogação do decreto 883 como condição aceitar a oferta de diálogo feita por Moreno mais cedo.
A resposta da Conaie foi divulgada pouco depois de a Polícia Nacional do Equador ter lançado várias bombas de gás lacrimogêneo contra a parte externa da Assembleia Nacional, local onde os manifestantes indígenas estavam reunidos.
Pouco antes, pela primeira vez desde o início dos protestos, Moreno propôs dialogar ele próprio com as lideranças indígenas sobre o polêmico decreto. "Ponhamos nossas mãos na solução das diferenças", disse o presidente em um vídeo.
No entanto, a Conaie lembrou que já participou de um diálogo com o governo há dois anos. Para o movimento indígena, as negociações não produziram resultados concretos.
"O diálogo que o governo procura se sustentou durante esse processo de resistência em um dos piores massacres da história do Equador, uma violência exarcebada imposta pela polícia e pelos militares", afirmou o movimento indígena.
Os principais organizadores dos protestos no país responsabilizaram os ministros de Governo, María Paula Romo, e de Defesa, Oswaldo Jarrín, pela repressão às manifestações.
Desde o início das manifestações, cinco pessoas morreram e mais de 1 mil ficaram feridas ou foram detidas, segundo a Defensoria do Povo do Equador.
Embora a resistência ao decreto esteja concentrada em Quito, para onde viajaram milhares de indígenas de diferentes partes do país, também há registro de episódios de violência em outras regiões.
A onda de protestos começou com o fim do subsídio sobre a compra de combustíveis no país, uma decisão tomada por Moreno para ampliar a arrecadação do governo. A medida visava satisfazer as condições impostas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para conceder uma linha de crédito de US$ 10 bilhões ao país.
Enquanto isso, em Bruxelas, onde está exilado, o ex-presidente equatoriano Rafael Correa enviou uma mensagem de solidariedade às vítimas e aos feridos pelas redes sociais.
No vídeo, Correa afirma que o governo de seu ex-vice-presidente está acabado pela "própria traição e mediocridade" de Moreno. EFE
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