Igreja condiciona diálogo a libertação de presos políticos na Nicarágua
Manágua, 17 Fev 2019 (AFP) - A Igreja da Nicarágua e organizações civis e de defesa dos direitos humanos pediram neste domingo a libertação de centenas de presos políticos detidos durante os protestos dos últimos meses no país, como condição para iniciar um diálogo com o governo visando ao fim da crise política.
O arcebispo de Manágua, cardeal Leopoldo Brenes, expressou a disposição da Igreja a participar de um diálogo, mas ressaltou a necessidade de seguir defendendo que os presos sejam libertados em breve, e que "os meios de comunicação possam desempenhar com todo o respeito e objetividade" seu trabalho.
Cerca de 700 pessoas, entre elas estudantes, camponeses e jornalistas, estão presas em condições precárias e insalubres na Nicarágua, segundo parentes e órgãos humanitários, acusadas de serem golpistas e terroristas.
Brenes participou ontem de um encontro entre governo e empresários para buscar um "entendimento" ante a crise política e econômica gerada pelos protestos há 10 meses, segundo um comunicado do governo.
"Não foi um diálogo, foi um encontro que os empresários queriam ter com o senhor presidente para expressar suas preocupações. Foram ouvidos, e ficaram de marcar outros encontros, para irem consolidando" as bases para dialogar, manifestou o arcebispo.
Não foi discutido o tema dos presos políticos, nem o retorno de órgãos internacionais de direitos humanos expulsos pelo governo, esclareceu o cardeal. Não há data para uma futura reunião, assinalou.
O religioso, que esteve à frente da mediação do diálogo interrompido há oito meses, expressou que a Igreja participará se as partes a convidarem.
O comitê em favor da libertação de presos políticos disse que o único diálogo que apoia é o que tiver como ponto de partida a "libertação imediata e incondicional" de todos os presos e o fim da "perseguição" à população.
As manifestações, que eclodiram em abril contra uma reforma do seguro social e que, depois, evoluíram para um pedido de renúncia a Ortega pelo mal-estar causado pela repressão, deixou, segundo grupos humanitários, 325 mortos, 750 detidos e milhares de exilados.
Também provocou uma contração econômica de 4% em 2018, que, este ano, pode chegar a 11%, advertiu a Fundação Nicaraguense para o Desenvolvimento Econômico e Social (Funides) em um estudo publicado este mês.
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