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Será maior que enchente de 1941, diz governador do RS sobre nível do Guaíba

do UOL

02/05/2024 20h00

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), afirmou que a previsão é de que o nível do rio Guaíba, em Porto Alegre, chegue a cinco metros, e se torne a maior enchente desde 1941, quando o nível chegou a 4,76 metros e inundou grande parte do centro da capital gaúcha.

O que aconteceu

O governador declarou que o Guaíba já atingiu 3,36 metros na noite desta quinta-feira (2). Segundo Eduardo Leite, a expectativa é que a marca chegue aos 4 metros na madrugada desta sexta-feira. "Está subindo 8cm por hora", alertou. Após 1941, nas décadas seguintes, o limite de três metros só foi ultrapassado em três ocasiões: em setembro de 1967 (3,11 metros), setembro de 2023 (3,18 metros) e novembro de 2023 (3,46 metros).

Eduardo Leite voltou a dizer que a situação atual é "absurdamente excepcional". "Não é simplesmente apenas mais um caso crítico. É o mais crítico que, provavelmente, o estado terá registro em sua história". O Guaíba recebe as águas de diferentes bacias hidrográficas afetadas pelos temporais, como Taquari e Caí.

A Defesa Civil alertou para a condição do Guaíba, que está "ultrapassando extraordinariamente sua cota de inundação". "É orientação expressa que os moradores de áreas próximas ao Guaíba, nos municípios de Porto Alegre (zona sul), Guaíba e Eldorado do Sul, para que deixem áreas de risco e procurem abrigos públicos ou outro local de segurança para permanecer durante a elevação de nível do Rio Caí".

É muito importante que as pessoas já saiam dessas localidades desde já porque durante a madrugada já estarão sendo bastante afetadas, [o rio] vai atingir um nível que nós nunca vimos. Muito factível que chegará aos cinco metros ao longo do dia de amanhã.
Eduardo Leite

Porto Alegre decreta calamidade pública

Mapa mostra áreas afetadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul - Divulgação/Defesa Civil do RS - Divulgação/Defesa Civil do RS
Mapa mostra áreas afetadas pelas chuvas no Rio Grande do Sul
Imagem: Divulgação/Defesa Civil do RS

A prefeitura de Porto Alegre decretou na noite desta quinta-feira estado de calamidade pública. O instrumento classifica o desastre como de grande intensidade, de nível 3. Decreto autoriza a administração a empregar todos os recursos e voluntários na assistência à população e restabelecimento de serviços.

Estamos atuantes de forma ininterrupta em toda a cidade, mas pedimos atenção especial da população do Centro Histórico e 4º Distrito. Evitem deslocamentos. O Guaíba está avançando e, apesar do fechamento das comportas do Cais Mauá, há a possibilidade de alagamentos nesta área.
Prefeito Sebastião Melo

Mortes devem aumentar, diz governador

O governador lamentou as mortes e ressaltou que números devem aumentar. "Infelizmente sabemos que esses números vão aumentar. Temos 60 desaparecidos registrados e mesmo esse número tende a ser maior. Sabemos que há pessoas desaparecidas em lugares inacessíveis", afirmou.

Os níveis dos rios no Rio Grande do Sul vão continuar elevados. Leite lamentou o momento e o classificou como "crítico". "Infelizmente, continua chovendo nesta madrugada. A chuva que vai permanecer ao longo da noite, do dia de amanhã e até sábado, na parte norte do estado, vai dar contribuição nos rios, que já estão muito cheios. Então, infelizmente, Rio Taquari, Rio Jacuí, Guaíba, Vale do Caí, enfim, todos esses rios recebem essa contribuição de forma direta ou indireta e vão continuar em níveis elevados ao longo dos próximos dias".

A gente tem uma expectativa de que o tempo possa ajudar a colocar mais fortemente as aeronaves em operação e fazer mais resgates. Estamos atuando para que as aeronaves que possam atuar no período noturno, especialmente das Forças Armadas, da Força Aérea e do Exército, sigam operando ou estejam operando tudo que for possível ao longo da noite, mas também tem restrições por conta se no voo noturno, as condições climáticas estiverem muito adversas, eles têm dificuldade para sair em campo.
Eduardo Leite

Temos que ter clareza, pessoal aqui da Região Metropolitana, Porto Alegre, Guaíba, Eldorado, Barra do Ribeiro, as ilhas aqui de POA, a região sul do município, insisto, pessoal: será pior do que qualquer enchente que vocês tenham visto aqui no município. Será pior do que a pior enchente já registrada que é a de 1941. E isso vai acontecer ao longo dessa madrugada e início da manhã de amanhã, então desde já é importante deixar zonas de risco.
Eduardo Leite

    Estado de calamidade pública

    O governador decretou estado de calamidade pública no estado. Fortes chuvas atingiram diferentes cidades desde 24 de abril e deixaram pelo menos 38 mortos. Outras 74 pessoas estão desaparecidas.

    Chuvas e enchentes foram classificadas como desastres de nível 3 — "caracterizados por danos e prejuízos elevados". O texto foi publicado em edição extra do Diário Oficial na noite de quarta-feira (1º).

    O decreto tem um prazo de 180 dias. "A situação de anormalidade declarada em âmbito estadual por este Decreto, não obsta o início ou o prosseguimento da declaração em âmbito local pelos Municípios, que poderão avaliadas e homologadas pelo Estado", diz o texto.

    A Defesa Civil do Rio Grande do Sul informou que 154 municípios foram afetados. Também foram registrados 36 feridos, 10.242 desalojados e 4.645 pessoas acolhidas em abrigos públicos. O governo estadual também divulgou que 71.306 pessoas foram afetadas.

    Pelo menos 29 pessoas morreram desde o último sábado (27) no Rio Grande do Sul por causa das chuvas e enchentes. Os números foram divulgados na noite desta quinta-feira (2) pelo governador do estado, Eduardo Leite. Há 60 desaparecidos no estado.

    Óbitos foram registrados em 19 municípios. Os registros de mortes por municípios foram: Canela (2); Candelária (1); Caxias do Sul (1); Bento Gonçalves (1); Boa Vista do Sul (2); Paverama (2); Pantano Grande (1); Putinga (1); Gramado (4); Itaara (1); Encantado (1); Salvador do Sul (2); Serafina Corrêa (2); Segredo (1); Santa Maria (2); Santa Cruz do Sul (2); São João do Polêsine (1); Silveira; Martins (1); e Vera Cruz (1).

    Há 60 desaparecidos. Segundo o governo, os números de desaparecidos por município são: Candelária (8), Encantado (6); Itaara (3); Lajeado (5); Passa Sete (1); Pouso Novo (1); Roca Sales (10); Santa Cruz do Sul (1); São Vendelino (2); Sinimbu (1); Marques de Souza (13); Montenegro (1); Teutônia (3); Três Coroas (3); e Travesseiro (2).

    Hospital de campanha do Exército em Lajeado. O Ministério da Defesa anunciou construção de hospital com 40 leitos de enfermaria. Segundo a pasta, a unidade também vai ter dois consultórios e o transporte de toda a estrutura para a construção será feito nesta quinta-feira (2) em um avião da FAB.

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