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Battisti é detido na Bolívia e deve ser expulso para o Brasil

13/01/2019 15h05

Rio de Janeiro, 13 Jan 2019 (AFP) - O ex-ativista italiano de extrema esquerda Cesare Battisti foi capturado no sábado (12) pela polícia na cidade boliviana de Santa Cruz e deve ser expulso para o Brasil nas "próximas horas".

"Ele vai passar pelo Brasil. Resta definir o plano de voo", disse o ministro brasileiro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, à imprensa, em Brasília, após reunião neste domingo com o presidente Jair Bolsonaro e com outros membros do governo.

Condenado à prisão perpétua na Itália pela morte de quatro pessoas, Battisti "foi detido por policiais bolivianos da Interpol na rua" no sábado, disse uma fonte do governo boliviano ouvida pela AFP.

Ele "entrou de maneira ilegal no país", aparentemente com documentos falsos, acrescentou a mesma fonte.

"Battisti foi detido na rua. Não estava armado e não ofereceu resistência. Mostrou um documento brasileiro que confirma sua identidade. Agora, a Itália espera por ele", disse uma fonte do Ministério italiano do Interior.

O presidente Jair Bolsonaro felicitou as autoridades responsáveis pela detenção.

"Parabéns aos responsáveis pela captura do terrorista Cesare Battisti!", tuitou o presidente de extrema direita, algumas horas depois do anúncio de detenção do italiano, condenado à revelia à prisão perpétua em seu país.

No Twitter, o deputado Eduardo Bolsonaro enviou uma mensagem ao ministro italiano do Interior, Matteo Salvini, líder da extrema direita na Itália: "Brasil não é mais terra de bandidos. @matteosalvinimi, 'o presentinho' está chegando'".

Em um comunicado, Salvini agradeceu às forças de segurança italianas e estrangeiras pela detenção de "um criminoso que não merece uma vida confortável na praia, e sim passar o fim da vida na prisão".

Salvini também agradeceu ao presidente Bolsonaro.

Neste domingo, o governo italiano enviou um avião com policiais e membros dos serviços secretos para ir buscar Battisti.

O ex-militante, de 64 anos, foi detido ontem, às 18h50 locais com "hálito de álcool", relatou a fonte boliviana. Ele tinha em mãos documentação brasileira, celular e um cartão de crédito em seu nome. Hoje, ele se encontrava detido na sede da Interpol em Santa Cruz.

Battisti estava foragido desde dezembro passado, quando um juiz do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou sua prisão no dia 13 desse mesmo mês. Um dia depois, o então presidente Michel Temer assinou a ordem de extradição há anos solicitada pela Itália.

- 'Se fará justiça'Cesare é ex-militante do grupo Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), atuante durante os "anos de chumbo" na Itália, um período marcado por atentados de organizações de direita e de esquerda, entre elas as Brigadas Vermelhas.

Battisti foi julgado à revelia em 1993 e condenado à prisão perpétua por quatro homicídios e cumplicidade em outros assassinatos no final dos anos 1970.

"Meu primeiro pensamento é para as vítimas deste assassino (...) protegido pelas esquerdas de metade do planeta. Acabou o piquenique", acrescentou Salvini.

"Finalmente se fará justiça com as vítimas do terrorismo", reagiu, de forma mais comedida, o ex-chefe do governo italiano Paolo Gentiloni.

Battisti viveu 15 anos exilado na França, protegido pelo governo socialista de François Mitterrand, onde se tornou um bem-sucedido autor de romances policiais. Em 2004, viu-se obrigado a deixar a França, refugiando-se clandestinamente no Brasil. Foi detido no Rio de Janeiro em 2007.

Em 2010, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou sua extradição para a Itália, após um longo processo judicial com um período na prisão. No último dia de seu mandato, Lula lhe concedeu o status de refugiado político.

Battisti se casou com uma brasileira, com quem teve um filho em 2013.

"Finalmente a justiça será feita ao assassino italiano e companheiro de ideais de um dos governos mais corruptos que já existiram no mundo (PT)", acrescentou Bolsonaro nas redes sociais.

Sua extradição para a Itália foi uma das promessas do então candidato Bolsonaro ao longo da campanha eleitoral.

"Diante da detenção de Cesare Battisti pela Interpol, em Santa Cruz de la Sierra, Bolívia, o Ministério da Justiça e Segurança Pública e o Ministério das Relações Exteriores estão tomando todas as providências necessárias, em cooperação com o Governo da Bolívia e com o Governo da Itália, para cumprir a extradição de Battisti e entregá-lo às autoridades italianas", disseram ambas as pastas em nota conjunta divulgada hoje.

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