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Legista contraria tese da defesa de policial e diz que morte de Floyd foi causada por violência

10/04/2021 05h13

Ao final da segunda semana de julgamento do policial Derek Chauvin, acusado pelo assassinato de George Floyd, uma declaração do médico forense que conduziu a autópsia no caso contrariou a tese de defesa do agente. Andrew Baker disse que problemas cardíacos e uso de drogas não foram "as causas diretas" da morte de Floyd, que foi provocada pela violência de sua detenção, enfatizou o legista.

A imobilização imposta pela polícia e a compressão em seu pescoço foram "demais para George Floyd, considerando sua condição cardíaca", explicou Andrew Baker no tribunal de Minneapolis que julga Chauvin, um policial branco de 45 anos. O agente é acusado de ter matado Floyd em 25 de maio de 2020, mantendo seu joelho sobre o pescoço do detido durante quase dez minutos.

O afro-americano gritou várias vezes "não consigo respirar" para os três policiais que o mantiveram deitado de bruços no asfalto, com as mãos algemadas por trás, exercendo pressão sobre suas costas, pescoço e costelas. Para a acusação, essa pressão foi o que causou a morte de Floyd, que perdeu a consciência por falta de oxigênio até morrer.

A cena, filmada por espectadores, percorreu o mundo e gerou uma enorme onda de protestos contra o racismo e a brutalidade policial em todo o mundo. Floyd, de 46 anos, tinha um coração maior do que o normal devido à hipertensão, afirmou Baker. "Seu coração precisava de mais oxigênio" porque suas artérias coronárias haviam se estreitado, disse ele.

O esforço físico e a dor "desencadearam os hormônios do estresse, a adrenalina fez o coração bater mais rápido para obter mais oxigênio", mas o coração não conseguiu acompanhar e se rendeu, explicou o legista.

Sem rastros de Covid-19

O advogado de Chauvin, Eric Nelson, argumenta que seu cliente não causou a morte de Floyd, que teria sucumbido a uma overdose combinada com problemas cardíacos. A alegação se baseia a presença de fentanil, um potente opioide, e metanfetamina, um estimulante, descobertos em seu organismo durante a autópsia. O consumo de fentanil também pode causar deficiência de oxigênio, apontou Nelson.

Baker admitiu que a metanfetamina acelera o coração, mas acrescentou que a quantidade da droga detectada foi muito pequena. Ele também negou a tese desenvolvida pela defesa de que Floyd estava deprimido após ser infectado pelo coronavírus. "Seus pulmões não tinham sequelas da Covid", declarou. O médico confirmou que se trata de um homicídio.

Anteriormente, os jurados haviam visto fotos do rosto, dos ombros e das mãos inchadas de Floyd, tiradas durante a autópsia. O irmão da vítima, Rodney, permaneceu impassível enquanto observava por um longo tempo uma dessas fotos. "É difícil, é difícil", disse a irmã de George Floyd, Bridgett, ao site de notícias The Shade Room.

Mas "quando este julgamento terminar e Derek (Chauvin) for declarado culpado, teremos conseguido justiça para todas as famílias" que não puderam obtê-la para seus entes queridos, frisou ela.

Com informações da AFP

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