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Um salto de 393.309 quilômetros para um sonho de milênios: chegar à Lua

16/07/2019 07h11

Jorge A.Bañales.

Washington, 16 jul (EFE).- Há 50 anos dois homens em uma cápsula guiada por um computador de 30 quilos pisaram pela primeira vez no solo lunar e captaram imagens sem precedentes que mostram a Terra distante como um pequeno novelo azul atrás dos ombros dos astronautas.

Entre agosto de 1958 e julho de 1969, a então União Soviética (URSS) e os Estados Unidos, envolvidos em uma concorrência global por prestígio e influência, tinham feito 73 missões lunares, das quais 41 falharam.

A missão Apollo 11, que custou cerca de US$ 30 bilhões em valores atualizados para os nossos dias, foi, e continua sendo, motivo de polêmica sobre se esses gastos geraram algum benefício, ou se foram um esbanjamento de recursos motivado pela propaganda.

E, como reflexo nítido das ideologias em conflito na Guerra Fria, muitos dos que consideravam o programa espacial americano um esbanjamento vergonhoso enquanto havia pobreza na Terra elogiavam as proezas espaciais da URSS como joias do triunfo comunista.

Quando o comandante Neil Armstrong e o piloto da cápsula "Eagle", Buzz Aldrin, desceram na superfície lunar - Michael Collins ficou na nave principal orbitando o satélite natural - tinham se passado apenas oito anos e dois meses desde que o presidente John F.Kennedy anunciou no Congresso sua decisão de "ir à Lua".

A agência espacial americana, Nasa, captou em todo o seu colorido e esplendor, mediante fotos e filmagens, as imagens da missão, mas a humanidade viu o pouso na Lua e os pulos em baixa gravidade de Armstrong e Aldrin em confusas imagens em preto e branco.

As câmeras de televisão a cores da época eram grandes e pesadas demais para serem acomodadas na "Eagle", e as limitações tecnológicas restringiam a largura de banda utilizada para as comunicações de áudio e vídeo em um único sistema.

O que hoje poderia ser feito com a tecnologia de um telefone celular precisou na época de duas câmeras: Uma delas, com filme, foi instalada por Aldrin em uma janela da "Eagle" para registrar a cena a cores com seis fotogramas por segundo. Já as imagens exibidas ao vivo para a Terra em preto e branco foram gravadas por uma câmera em uma fita.

A delicada operação de 12 minutos desde o momento em que a "Eagle" se desprendeu do veículo orbital "Columbia", tripulado por Michael Collins, até o pouso contou com a ajuda de um computador com um processador de 2,5 MHz, cuja capacidade é equivalente à de uma calculadora de bolso atual.

Os uniformes espaciais, feitos sob medida para cada astronauta e costurados à mão, protegeram os dois homens das temperaturas na superfície lunar, que oscilam de 120 graus centígrados durante o dia até 150 graus negativos durante a noite, e nunca tinham sido utilizados antes da missão Apollo 11.

A cápsula "Eagle" foi o primeiro veículo espacial projetado especificamente para operar em outro mundo e, ao contrário de um feito para funcionar na atmosfera, tinha um conjunto de ângulos e protuberâncias que fizeram com que os astronautas a apelidassem de "aranha".

Isso ocorreu pelo fato de que no espaço não seria necessário preocupar-se com a existência de uma atmosfera e a omissão de caraterísticas aerodinâmicas contribuiu para reduzir o peso e os custos de lançamento da nave.

O debate sobre os benefícios da missão para o resto da humanidade pode levar em conta os seus desdobramentos tecnológicos, que incluem scanner para detectar tumores, microprocessadores, ferramentas sem fios, comidas desidratadas a frio, materiais de isolamento e até joysticks para videogames.

A Apollo 11 foi o ápice científico e tecnológico de anos turbulentos, tanto nos EUA como no resto do mundo, devido a revoltas estudantis na Europa, na América e na Ásia, e pela invasão soviética da Tchecoslováquia, entre outros eventos.

Naquela terceira semana de julho de 1969, o dueto musical Zager and Evans aparecia pela sexta vez no topo das paradas da revista "Billboard" com a música "In the Year 2525", uma visão pessimista do futuro tecnológico, que contrastava com a imagem de dois humanos na Lua.

Enquanto mais de 500 mil soldados americanos estavam presos no atoleiro da Guerra do Vietnã e, um mês antes, a juventude demonstrava todo o seu otimismo no festival de Woodstock, o primeiro pouso do homem na Lua representou um grande passo na esperança de viajar para outros mundos.

Agora, 50 anos depois, a Nasa promete que voltará a fazer a humanidade sonhar dentro de cinco anos, levando à Lua a primeira mulher e um homem através do programa batizado de Artemis, a irmã de Apolo na mitologia grega. EFE

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