Topo
Notícias

Cristina Kirchner surpreende ao anunciar candidatura à vice-presidência da Argentina

18/05/2019 18h10

Contra todos os prognósticos, a ex-presidente Cristina Kirchner anunciou no sábado (18) sua candidatura à vice-presidência da Argentina nas eleições de outubro de 2019. Não à presidência, como esperado.

Por meio de um vídeo postado em redes sociais, Cristina Kirchner anunciou que não seria candidata à presidência. Uma decisão que ninguém esperava. Por enquanto, ela anunciou que se apresentará como companheira de chapa de Alberto Fernández, seu ex-chefe de gabinete.

No vídeo de 12 minutos, apenas a voz pausada de Cristina Fernández Kirchner é ouvida sobre imagens de arquivo, sem ser mostrada em nenhum momento uma locução direta: "Pedi a Alberto Fernández para dirigir a chapa que vamos integrar juntos, ele como candidato a presidente e eu como candidata a vice, para participar das próximas eleições primárias, abertas, simultâneas e obrigatórias", anunciou Kirchner.

Nos últimos dias, e especialmente durante a apresentação de seu livro "Sinceramente", as ovações, aplausos e canções que ela recebeu de centenas de seguidores, já davam a impressão de que sua candidatura presidencial era um fato. Por esta razão, é surpreendente que Cristina  agora só aspire à vice-presidência.

Qual a explicação para esta mudança de planos?

Que as condições do país - forte endividamento com o FMI e crise severa na economia - exigem uma aliança mais ampla e não a repetição do governo de 2003 a 2015, período em que ela dividiu a presidência com o marido, Néstor Kirchner.

Cristina Fernandez disse que quem governa tem que "ter uma amplitude suficiente de ideias e setores políticos para representar o interesse nacional com compromisso ", conclui a senadora.

Quem é Alberto Fernández?

Advogado e político de 60 anos, Alberto Fernandez foi durante vários anos um assessor leal ao casal Kirchner, servindo como chefe de gabinete entre 2003 e 2008, primeiro sob o presidente Nestor Kirchner até 2007 e, em seguida, sob o comando de sua esposa Cristina .

Mas em 2008 veio a ruptura. Em meio a fortes protestos do setor rural contra o governo Kirchner e a recusa do Senado ao projeto oficial de retenções de depósitos, a estabilidade do chefe de gabinete começou a vacilar. Finalmente, sua renúncia foi anunciada em julho de 2008.

Meses depois, essa distância política evoluiria para um confronto real entre Cristina e Fernández. Reclamações, críticas e acusações eram constantes por parte da presidente, respondidas por sua vez com uma carta pública de seu ex-ministro-chefe.

Uma disputa que intertompeu toda a comunicação por dez anos e que somente em 2018, de acordo com seu entorno político, voltou a uma aproximação.

Alberto Fernández não estava no radar presidencial da Argentina. De qualquer forma, o mais próximo do cargo de presidência que ele poderia imaginar seria como chefe de gabinete em um possível novo mandato de Cristina Kirchner. Sua candidatura à presidência da Argentina ainda é difícil de digerir.

Notícias