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Duas décadas depois do massacre em Columbine, a ameaça e o medo permanecem

20/04/2019 06h02

Francisco Miraval.

Denver (EUA), 20 abr (EFE).- Passados 20 anos desde o massacre em uma escola de Columbine, no Colorado, no qual dois estudantes assassinaram 12 companheiros e um professor antes de se suicidarem, os especialistas acreditam que as "lições aprendidas" salvaram vidas, mas a ameaça e o medo não desapareceram.

"Todas as ameaças agora são levadas em conta, embora sejam vagas", declarou à Agência Efe Phil Weiser, promotor do estado do Colorado.

Na última quarta-feira, Weiser, o Departamento de Educação do Colorado e o FBI fecharam as portas de centenas de escolas em Denver, capital do estado, após as ameaças de uma jovem chamada Sol Pais, de 19 anos, que viajou desde o sul da Flórida, onde morava, e tinha verdadeira "obsessão" com o massacre de Columbine.

A jovem, classificada pelas autoridades como "extremamente perigosa", foi encontrada morta na quarta-feira depois de uma intensa "caçada", de acordo com um tweet do FBI de Denver.

Pais ainda não tinha nascido naquele fatídico dia 20 de abril de 1999, quando pouco depois das 11h, Eric Harris, de 18 anos, e Dylan Klebold, de 17, entraram na escola de ensino médio de Columbine e plantaram bombas.

Os artefatos não explodiram, mas, minutos depois, os jovens abriram fogo de maneira indiscriminada e depois se suicidaram. O fato, então considerado o pior tiroteio em uma escola americana, terminou com 15 mortes, incluindo os dois autores do massacre, e 24 feridos.

Nesse dia, a polícia demorou 47 minutos para entrar no local e a situação foi declarada "controlada" apenas cinco horas depois.

"A violência nas escolas é um problema complexo que exige uma solução completa", disse Weiser, que enfatizou que essa solução deve ser fundamentada em "melhores práticas" e em "programas baseados em evidências", assim como "ferramentas valiosas que funcionem no mundo real".

Phil estima que muitas escolas do Colorado e do resto do país carecem de "planos concretos" para prevenir novos ataques e, embora a violência tenha "diminuído" por causa de novas medidas em casos de tiroteios, os massacres continuaram.

Assim ficou demonstrando em fevereiro de 2018, quando a escola de ensino médio Marjory Stoneman Douglas, em Parkland (Flórida), foi alvo de um ataque que terminou com 17 mortos.

Mesmo assim, Weiser ressaltou que atualmente as autoridades contam com "um sofisticado sistema de segurança escolar" que só em 2018 ajudou a tratar 692 ameaças de ataques no Colorado, além de impedir 2.786 casos de suicídios em escolas do estado.

No total, a estimativa é que, desde o ano 2004, foram abortadas cerca de 1,5 mil ameaças no Colorado, a mais recente registrada em 20 de março, quando autoridades do Condado de Jefferson (onde fica Columbine) receberam o alerta de um possível ataque a uma escola local, o que ativou o protocolo de resposta e permitiu "controlar" a situação.

A partir de Columbine, as novas medidas intensificaram e os agentes do Colorado carregam agora mapas de todas as escolas. Além disso, algumas portas podem ser abertas ou fechadas à distância.

Por sua vez, os 1,7 mil estudantes matriculados nessa escola de ensino médio recebem treinamento para detectar condutas perigosas, enquanto os alunos "que representam riscos" devem se apresentar todos os dias ao pessoal de segurança, submeter-se a tratamento e usar mochilas transparentes.

Em datas como estas, as autoridades locais redobram o alerta diante da ameaça de fãs dos autores do massacre que buscam seguir seus passos, como Pais.

De acordo com uma nota do Condado de Jefferson, o aniversário do massacre de Columbine aumentou de uma "maneira perturbadora" o interesse por esta escola. Em menos de 30 dias, cerca de 150 pessoas apareceram na porta da instituição, algumas com intenção de tirar fotos.

Em 2012, um jovem de 16 anos foi à escola Columbine com a desculpa de realizar uma entrevista para o jornal de sua própria escola e, pouco tempo depois, o mesmo foi detido em Utah após ter sido descoberto que planejava um ataque em sua escola.

Em janeiro, graças a uma denúncia anônima, o FBI prendeu Elizabeth Lecron e seu companheiro, Vicent Armstrong, ambos de 23 anos, que planejavam "um massacre de grande escala" em homenagem aos assassinos de Columbine e da igreja em Charleston, na Carolina do Sul.

Apesar dos protocolos "de resposta rápida" diante de atos violentos e das medidas de prevenção, "somente foram eliminados 30% dos incidentes de violência escolar", disse nesta semana em uma conferência Beverly Kingston, diretora do Centro de Estudos para a Prevenção da Violência (CSPV).

"As soluções não são simples e a implementação demora muito para acontecer", acrescentou Beverly. EFE

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