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Centenas de palestinos são forçados a deixar cidade na Cisjordânia que resiste à ocupação de Israel

24/01/2025 10h50

Centenas de palestinos foram forçados a deixar Jenin, cidade no norte da Cisjordânia ocupada que tem sido alvo de uma violenta ofensiva do exército israelense desde 21 de janeiro. Até o momento, o ataque já causou a morte de 12 palestinos. O exército israelense mobilizou grandes recursos para a operação. Jenin é considerada uma das principais fortalezas dos grupos armados palestinos que lutam contra a ocupação.

Sami Boukhelifa, correspondente da RFI em Jerusalém

A estratégia militar das forças de ocupação israelenses no campo de Jenin é sempre a mesma: cercar a área e enviar escavadeiras. Sua missão: destruir as estradas, as calçadas e os bueiros "para garantir que nenhum dispositivo explosivo esteja escondido ali", explica o exército israelense.

Isso abriria caminho para as forças especiais apoiadas por cobertura aérea de Israel. Ataques com drones e helicópteros foram realizados em áreas urbanas densas.

"A população recebeu ordem de evacuação", disse Ali, morador de Jenin à RFI. "Eles nos deram até as 17 horas da noite de quinta-feira para deixar o campo antes de bombardeá-lo. É uma mudança forçada. É um deslocamento forçado. As pessoas estão espalhadas pela região. Algumas se refugiaram em hospitais, outras em casa de parentes. Estamos dizendo para nós mesmos: 'Eles acabaram com Gaza e agora é a nossa vez'", sublinhou.

Centenas de palestinos deixaram o campo na quinta-feira (23), no terceiro dia de uma grande operação que deixou pelo menos 12 pessoas mortas.

Na confusão da fuga, o primo de Ali foi ferido por uma bala. "Meu primo estava saindo de carro com a mãe e os sobrinhos quando o exército israelense começou a atirar. Meu primo parou e, com o resto da família, tentaram se refugiar na primeira casa que viram. Foi quando ele foi atingido por um tiro", relatou.

"O mundo de cabeça para baixo"

O jovem foi socorrido e seu estado de saúde é estável. Mas a ofensiva israelense, apelidada de "Muro de Ferro", pode durar mais alguns dias, de acordo com o exército. Israel afirma que está "combatendo o terrorismo". "O mundo virou de cabeça para baixo", diz Ali. "O exército israelense está ocupando ilegalmente a Palestina", diz o morador de Jenin.

O chefe do Estado-Maior do exército de Israel, general Herzi Halevi, disse que a decisão de lançar essa operação foi "correta". "Uma vez que reconhecemos que o campo de Jenin havia se tornado um centro para aqueles que planejam ataques ou buscam refúgio depois de cometê-los, foi a decisão certa entrar à força", disse ele em um comunicado.

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