Polícia prende namorada de olheiro do PCC envolvido em morte de Gritzbach

A Polícia Civil de São Paulo prendeu nesta quinta-feira (16) a namorada de Kauê do Amaral Coelho, 29, olheiro do PCC no caso do assassinato do delator Antônio Vinícius Gritzbach, 38, no aeroporto de Guarulhos, em 8 de novembro do ano passado.
O que aconteceu
A modelo foi identificada como Jackeline Leite Moreira, 28. Ela foi detida no bairro de Itaquera, na zona leste de São Paulo. O DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa) investiga se Jackeline ajudou na fuga de Kauê. A reportagem não conseguiu localizar a defesa dela. O espaço segue aberto para manifestação.
Jackeline Moreira foi presa temporariamente por tráfico de drogas. Segundo o DHPP, ela está sendo ouvida nesta quinta-feira e disse que vai colaborar com a investigação.
"Ela não tem ligação direta com a execução, está presa por tráfico de drogas e por favorecimento pessoal. Ela era uma das traficantes que vendia e entregava as drogas que ele [Kauê] mantinha no apartamento. Na casa dele, encontramos anotações que indicavam que ela participava da venda de drogas", afirmou Ivalda Aleixo, diretora do DHPP, em coletiva de imprensa realizada hoje.
A mulher negou que tenha envolvimento na morte de Gritzbach. Ela também alegou que não namorava o Kauê e que não sabe onde ele está. "Ela disse que só tinha ficado com ele uma vez, mas sabemos que não, porque temos os registros telefônicos. Depois do crime, ele foi para a casa dela, de lá, foram para um motel onde passaram a noite. No dia 9 (de novembro), ele entrega o celular dele para ela e vai para o Rio de Janeiro", acrescentou Ivalda.
Olheiro está foragido
Kauê do Amaral Coelho foi o primeiro suspeito identificado no caso do assassinato de Gritzbach. Ele está foragido e com a prisão temporária decretada pela Justiça. A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo oferece recompensa de R$ 50 mil para quem tiver informações sobre o paradeiro dele.
Segundo as investigações, ele se escondeu em uma comunidade no Rio de Janeiro após o crime. Mas a polícia acredita que ele já tenha saído da capital fluminense. Ontem, uma operação conjunta entre as polícias de São Paulo e do Rio de Janeiro tentou localizar o olheiro do PCC. O DHPP forneceu os endereços em que ele estava, mas o homem não foi localizado.
Com a prisão da namorada, a expectativa é de que a investigação para encontrar o suspeito avance. Segundo apurou o UOL, Jackeline também passou um tempo fora do radar dos investigadores, mas reapareceu recentemente e, por isso, foi detida.
No ano passado outros seis mandados de prisão na Justiça comum foram expedidos, mas somente três foram cumpridos, sendo um deles Jackeline. Os outros dois são: Matheus Augusto de Castro Mota, 34, detido no dia 9 de dezembro e suspeito de emprestar dois carros usados na fuga após o crime, e Matheus Soares Brito, 19, que foi detido em 7 de dezembro, e também é suspeito de ter auxiliado Kauê a fugir de SP para o RJ. Em conversas com pessoas próximas, o rapaz admitiu ter ido ao Rio, mas de ônibus, para levar roupas a Kauê.
Os dois são amigos e moravam no mesmo bairro. O DHPP apurou ainda que no dia 17 de novembro, Matheus Soares, já em São Paulo, recebeu um Pix de R$ 30 do olheiro. A investigação aponta que Kauê e Matheus Soares tiveram os sinais de telefones celulares captados por ERBs (Estações Rádio Base) a um quilômetro de distância um do outro no Rio de Janeiro, para onde o olheiro fugiu após o crime, entre os dias 11 e 20 de novembro.
Três suspeitos são procurados
Outros três mandados de prisão ainda não foram cumpridos. Além de Kauê, são procurados o motorista do carro no dia do crime e o suposto mandante do assassinato. Os nomes não foram divulgados.
Gritzbach foi morto com 10 tiros de fuzis disparados por dois atiradores. Os criminosos fugiram em Gol preto e abandonaram o carro nas imediações do aeroporto. Kauê utilizou um Audi preto para resgatar os assassinos e, segundo versão do DHPP, depois fugiu de carona com Matheus Soares para o Rio.
Os agentes da força-tarefa concentram esforços para identificar e prender os mandantes do assassinato de Gritzbach. Investigadores afirmam que têm nomes e apelidos de ao menos quatro suspeitos. Oito dias antes de morrer, a vítima delatou às autoridades integrantes do PCC e policiais civis corruptos.
Assassinato foi 'encomendado por membro do PCC', diz delegada
O assassinato de Gritzbach foi encomendado por faccionados do PCC. A informação é da diretora do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa de São Paulo, Ivalda Aleixo.
A delegada disse que polícia tem duas linhas de investigação para esclarecer quem encomendou o crime: "Quanto ao mandante, temos duas linhas de investigação. Ambos de faccao", explicou Ivalda Aleixo, em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (16), que disse ainda esperar realizar mais duas prisões ainda hoje.
Além do atirador, um PM da ativa, outros 14 policiais militares foram presos hoje. São 13 PMs que faziam escolta particular de Vinícius Gritzbach e um tenente que facilitava as escalas de trabalho para que os PMs participassem da escolta.
O Governo de São Paulo esclareceu que não há evidências que conectem os 14 PMs presos ao homem suspeito de ser o atirador. A Operação Prodotes foi deflagrada para desarticular o envolvimento de PMs com narcotraficantes ligados ao PCC - a maioria da zona leste da capital e inimigos de Gritzbach.