Pistas de narcotraficantes por trás de ataques a prisões francesas fazem ministros pedirem mais vigilância no país
A imprensa francesa desta quinta-feira (17) revela novos detalhes sobre os ataques coordenados em penitenciárias da França desde o último fim de semana. Carros queimados, tiroteios, agentes ameaçados: as violências são reivindicadas pelo misterioso grupo DDPF, sigla para Defesa dos Direitos dos Prisioneiros Franceses. A promotoria nacional antiterrorismo não descartou nenhuma hipótese, e o promotor antiterrorismo francês, Olivier Christen, disse na manhã desta quinta-feira que "todas as pistas estão sendo investigadas".
O assunto está na capa do jornal Le Parisien, ilustrada com uma foto de veículos incendiados em uma das penitenciárias atacadas e a manchete: "A mão dos narcos". Para o diário, as violências são uma forma dos barões da droga na França demonstrarem poder, desafiando o Estado.
O diário descreve as ações coordenadas em toda França: em Toulon, no sul, a porta do presídio local foi metralhada; em Seine-et-Marne, na periferia de Paris, a casa de um agente penitenciário foi vandalizada, em Bouches-du-Rhône, no sul, o carro de um funcionário do presídio de Luynes foi queimado. Le Parisien ressalta que as violências foram organizadas por um grupo pelo aplicativo Telegram com um discurso político que, segundo a matéria, desapareceu rapidamente após a revelação das primeiras investigações.
O jornal Ouest-France destaca o "DDPF" sigla para Defesa dos Direitos dos Prisioneiros, que é destacado na publicação como "o grupo misterioso que reivindica a responsabilidade pelos ataques às prisões". O jornal Libération consultou as mensagens do grupo DDPF no Telegram e diz que em várias delas a união e defesa dos direitos detentos é evocada. Em outras, ameaças abertas são feitas a agentes penitenciários. Alguns posts mostram o ministro francês da Justiça, Gérald Darmanin, atrás das grades em fotomontagens, junto a mensagens que exigem a sua demissão. Na terça-feira (15), o ministro chegou a se referir aos ataques coordenados como "atos terroristas".
Darmanin e o ministro do interior da França, Bruno Retailleau, pedem aos prefeitos e diretores da administração penitenciária, nesta quinta-feira, que "intensifiquem imediatamente a vigilância e a proteção" das prisões. Segundo o site da France Télévisions, os ministros listam várias medidas a serem tomadas: patrulhas dinâmicas, detecção de veículos e indivíduos suspeitos, etc. Fala-se em "organizar patrulhas dinâmicas por unidades das polícias em coordenação com as da administração penitenciária". Como medida adicional, "os veículos da administração não serão mais estacionados fora do pátio da prisão, e os veículos pessoais também serão abrigados sempre que possível".
Narcotráfico e terrorismo internacional em suspeita
O promotor antiterrorismo francês, Olivier Christen, admitiu que "os elementos estão começando a apontar em uma direção ou outra", na Franceinfo, com suspeitas focadas em particular nos narcotraficantes. E quanto a uma possível interferência estrangeira: "Tudo é possível, nenhuma pista está fechada", de acordo com Olivier Christen, mesmo que "não haja nenhum elemento no momento que nos permita pensar assim", adicionou.
O jornal Le Figaro afirma que o medo e a revolta são sentimentos dominantes entre funcionários dos presídios da França, diante da onda de ataques. O diário avalia que mesmo que o presidente francês, Emmanuel Macron, tenha prometido que os autores das violências serão punidos, agentes penitenciários temem que os narcotraficantes por trás das ações não se deixem intimidar. Por isso, para a categoria, é essencial que o movimento seja "neutralizado" antes que tome uma dimensão ainda maior na França.
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