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Ex-professor de colégio de elite de SP preso tinha fotos de menores nus

Camila Brandalise e Paula Sacchetta
do UOL

Do UOL, em São Paulo, e em colaboração para o UOL

14/01/2025 12h58

Preso em junho de 2024 após denúncias de estupro de vulnerável contra três adolescentes, Carlos Veiga Filho, ex-professor do tradicional Colégio Rio Branco, de São Paulo, armazenava centenas de fotos de crianças e adolescentes nus e em contextos sexuais em um HD externo de um terabyte.

O laudo foi obtido com exclusividade pelo UOL e faz parte do processo aberto na cidade de Serra Negra (SP), onde ele dava aulas no Colégio Libere Vivere desde 2014 e foi demitido após as primeiras denúncias. O caso é sigiloso e corre em segredo de Justiça.

Advogado de Veiga, Jhonatan Wilke foi procurado pela reportagem para se manifestar sobre a perícia, mas não houve resposta até a publicação deste texto.

A defesa afirma no processo que as atitudes de Veiga com os alunos não tinham conotação sexual. Foram feitos dois pedidos de habeas corpus desde que o professor foi preso preventivamente, ambos negados. O argumento da juíza é de que há "provas de materialidade e indícios suficientes de autoria".

Após a prisão de Veiga vir à tona, ex-alunos do Colégio Rio Branco se manifestaram afirmando também terem sofrido abusos quando foram alunos dele, entre 1986 e 2003.

Em relatos que constam no atual processo, os homens dizem ter passado, quando adolescentes, por um "ritual" do programa de monitoria na escola, que consistia em ficarem nus e se pintarem com tinta.

O professor, então, fotografava os meninos pelados. Depois ele os chamava para uma segunda parte do ritual, onde rasgavam os negativos e as imagens reveladas. As vítimas teriam entre 12 e 16 anos.

Sessões de "alinhamento de chacras" também são descritas. Nelas, o professor dizia que limparia as energias dos jovens e tocava o órgão sexual deles.

A partir desses depoimentos, a Promotoria de Serra Negra pediu a apreensão e análise de equipamentos eletrônicos do professor. A suspeita era de que ele armazenasse e compartilhasse essas fotos.

Fachada do colégio Rio Branco, no bairro Higienópolis, região central de São Paulo - Alberto Rocha/Folhapress - Alberto Rocha/Folhapress
Fachada do colégio Rio Branco, no bairro Higienópolis, região central de São Paulo
Imagem: Alberto Rocha/Folhapress

O laudo foi finalizado em 4 de dezembro e recebido pela Promotoria em 9 de janeiro. O documento não informa sobre quem são os menores nas imagens e se há ex-alunos entre eles.

Assinado pelo Instituto de Criminalística de Campinas, o texto diz que "foram encontradas imagens com aparente nudez de indivíduos aparentemente menores de idade".

O promotor do caso, Gustavo Pozzebon, afirmou ao UOL que já fez outra denúncia criminal contra Veiga.

"Pedi à juíza a abertura de um novo processo pela prática do crime previsto no art. 241-B do Estatuto da Criança e Adolescente", diz, referindo-se ao artigo que pune quem "adquirir, possuir ou armazenar" fotos e vídeos com cena de sexo ou pornográfica envolvenco criança ou adolescente.

A pena é de um a quatro anos de prisão, mais multa.

Veiga já responde por estupro de vulnerável, cuja pena de prisão é de oito a 15 anos.

A reportagem teve acesso a todas as 319 fotos da perícia. Há imagens de crianças aparentando menos de dez anos e de adolescentes até 18, em posições sexualizadas, tocando genital de outro menino e praticando sexo oral.

A decisão da juíza Juliana Maria Finati foi publicada hoje, dando três dias para que a defesa se manifeste. Depois desse prazo, a sentença de Veiga deve sair em dez dias.

O advogado da escola Libere Vivere, em Serra Negra, Eduardo Leite, e o colégio Rio Branco também foram questionados sobre o caso, mas não se manifestaram até a publicação deste texto.

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