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Como saber se você tem obesidade? IMC já não é único método

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Imagem: iStock
do UOL

Samantha Cerquetani

Colaboração para VivaBem

29/11/2024 05h30

A obesidade é uma condição crônica e multifatorial que afeta todo o organismo e está associada a diversos problemas de saúde e complicações. Geralmente, ela é classificada por meio do IMC (Índice de Massa Corporal), calculado dividindo peso (em kg) pela altura (em metros) ao quadrado.

No entanto, essa abordagem vem sendo alvo de críticas, levando à discussão de novas metodologias para avaliar a obesidade, entre elas o BRI (Body Roundness Index, ou Índice de Redondeza Corporal).

De forma geral, o índice é uma nova metodologia a ser utilizada como triagem, ou seja, como uma avaliação inicial dos riscos associados à obesidade. "O índice visa prever a composição corporal, a adiposidade e, simultaneamente, o risco cardiovascular", diz Rosa Elisa Pasciucco, profissional de educação física do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes e membro da equipe do Programa de Cirurgia Bariátrica da Ufal (Universidade Federal de Alagoas).

"Essa fórmula oferece uma estimativa mais detalhada da obesidade central, da gordura intra-abdominal e dos riscos associados, como as síndromes metabólicas. Portanto, o BRI se torna um preditor promissor de mortalidade relacionada a essas condições", explica Pasciucco.

O que é e como funciona o BRI?

O BRI avalia a circunferência abdominal em relação à altura, desconsiderando o peso do indivíduo.

"O corpo humano se assemelha mais a um cilindro do que a uma forma cúbica, ou seja, ele é mais arredondado do que quadrado. Nesse contexto, o Índice de Redondeza Corporal é mais eficaz do que o IMC na avaliação da quantidade de gordura, principalmente da gordura visceral, que tem uma relação mais significativa com os riscos à saúde e à mortalidade do que o peso total do corpo", afirma Ricardo Barroso, endocrinologista e diretor da SBEM-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo).

Veja detalhes de como funciona o BRI:

O índice varia de zero a 20. Quanto maior o valor (mais próximo de 20), maior a redondeza corporal e a quantidade de gordura presente no corpo.

Por outro lado, valores mais baixos indicam menos gordura corporal, menos gordura visceral e acúmulo na região abdominal.

A relação entre a cintura e a altura é uma das métricas das bases do cálculo do BRI, e a depender da pontuação, quanto mais arredondado for o corpo, maior o risco de mortalidade.

O BRI sinaliza a distribuição de gordura corporal e utiliza a forma geométrica das elipses para estimar a modelagem do corpo. Portanto, mostra de forma mais clara a localização do excesso de massa gorda no indivíduo, ao considerar a circunferência da cintura no seu cálculo.

Ajuda a identificar riscos para condições como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares.

BRI aponta riscos à saúde de forma mais eficaz

Um estudo da JAMA Network Open destaca o Índice de Redondeza Corporal como uma medida mais eficaz do que o IMC para prever riscos à saúde relacionados ao peso.

Os pesquisadores analisaram o BRI de cerca de 33 mil pessoas e descobriram que o índice elevado estava associado a um maior risco de morte precoce. No entanto, pessoas com BRI muito baixo, principalmente naqueles acima de 65 anos, também tiveram maior risco, principalmente por conta da desnutrição.

Já uma pesquisa do Journal of the American Heart Association apontou que o BRI pode prever o risco de doenças cardiovasculares. Foram avaliados quase 10 mil adultos da China com mais de 45 anos entre 2011 e 2020.

Indivíduos com níveis elevados de BRI têm maior probabilidade de desenvolver doenças cardiovasculares. Portanto, a ferramenta seria útil para avaliar o risco de problemas de saúde, como AVC e infartos.

Porém, ainda faltam avaliações sobre o desempenho do BRI em fases como a infância e adolescência.

IMC ou BRI: qual é melhor para classificar a obesidade?

Não há uma resposta simples. De acordo com os especialistas consultados por VivaBem, o BRI oferece uma abordagem mais abrangente na avaliação da saúde, destacando a importância da distribuição de gordura, principalmente a visceral, que é mais prejudicial à saúde do que o peso total.

"O IMC é frequentemente criticado por não conseguir distinguir entre massa magra e massa gorda, além de não considerar a localização da gordura corporal. Ele trata todas as pessoas de forma igual em relação à densidade corporal", reforça Pasciucco.

No entanto, o IMC tem sido a abordagem mais utilizada para estimativa da composição corporal, com maior número de publicações científicas acerca da sua utilidade, e apresenta critérios de classificação para as diferentes faixas etárias (infância, adolescência, adultos e idosos).

Por conta disso, o IMC possibilita uma avaliação contínua do indivíduo ao longo da vida. Além disso, é fácil de aplicar, de baixo custo e frequentemente utilizado em estudos que analisam como doenças afetam populações e quais fatores de risco estão associados.

Outras vantagens do BRI em relação ao IMC:

Identifica indivíduos que, apesar de terem um peso normal, podem estar em risco devido a uma alta concentração de gordura visceral, proporcionando uma visão mais completa da saúde.

Permite a distinção entre indivíduos com alta massa muscular e aqueles com excesso de gordura, ao contrário do IMC, que pode classificar erroneamente pessoas musculosas como obesas.

Medir a circunferência da cintura é uma tarefa simples e rápida, ao contrário do cálculo do IMC, que pode ser mais complexo.

Andrea Pereira, nutróloga e cofundadora da ONG Obesidade Brasil, observa que, apesar de o BRI ser mais preciso, ele é menos prático para uso clínico e mais voltado para pesquisas.

"Tanto o IMC quanto o BRI são fundamentais no tratamento da obesidade e podem ser usados em conjunto. O IMC classifica a obesidade em graus, enquanto o BRI foca na gordura visceral. O importante é priorizar a perda de gordura em vez de apenas o peso", diz.

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