Marcas de tiro geram curiosidade em aeroporto após ataque que matou delator
Marcas deixadas pelos tiros disparados no ataque que matou o empresário Antônio Vinícius Lopes Gritzbach, 38, viraram ponto de curiosidade de passageiros e funcionários do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. Um motorista de aplicativo também morreu e duas pessoas ficaram feridas na ação. Eles não tinham relação com Gritzbach.
O UOL voltou ao local no sábado (9), um dia após o crime. Um painel de vidro com os dizeres "Welcome; Bem-vindos" seguia com duas marcas — do lado interno e externo do aeroporto — visíveis. Os projéteis passaram de um lado ao outro e deixaram rastros de destruição na superfície. Uma estrutura metálica no saguão também foi atingida.
O que aconteceu
Grupo se aproximou do local, apontou o dedo e tirou fotos das marcas deixadas pelos projéteis. Funcionários do aeroporto também checavam a situação do vidro.
Policiais civis foram vistos pela reportagem pelo local. Um dos agentes tirou fotos das marcas dos disparos que atingiram uma mureta e o chão. Questionada, uma das policiais disse que trabalha na Deatur (Delegacia de Atendimento ao Turista) e que não tinha nenhuma informação nova sobre o caso. Perguntada se havia alguma movimentação diferente no aeroporto, ela disse que não.
Movimentação normal e passageiros tranquilos
Mais de 24 horas após o assassinato, o terminal 2 estava com movimentação normal. A reportagem viu uma viatura da Polícia Militar passar pelo terminal, mas deixou o lugar rapidamente. A assessoria de imprensa do aeroporto confirmou que a a situação estava normalizada.
Na sexta-feira (8), o terminal foi fechado para perícia e os funcionários foram orientados a deixar o local e não relatar o ocorrido. O corpo do empresário, sob manta térmica, foi retirado por volta das 21h. Até a reabertura da área, cerca de cinco horas depois, todos os desembarques estavam acontecendo no andar superior.
Apesar de um motorista de aplicativo ter morrido no ataque, o fluxo de veículos também seguia normalmente. Alguns condutores ofereciam viagens aos passageiros que desembarcavam nas saídas do terminal 2.
Pedagoga aguardava táxi no mesmo local em que criminosos desceram do carro e atiraram no empresário. Ana Memossi contou que soube do caso pela imprensa, mas não ficou receosa de desembarcar em Guarulhos no sábado, depois de uma viagem a Belém a trabalho.
Não foi um assalto em que chegou uma pessoa do nada e colocou as pessoas em risco. Já tinha uma coisa meio planejada, pelo que foi noticiado. A chance de acontecer de uma forma aleatória não é tão alta. O risco tem, mas não é [algo] que ocorre com uma frequência.
Ana Memossi, pedagoga, passageira em Guarulhos
Outras duas passageiras, sob anonimato, disseram que não perceberam movimentação diferente no aeroporto. Elas também relataram que não sentiam medo de estar ali.
Carlos Martins, 53, e Andrea Santos, 46, estavam no local e relataram não ter conhecimento do assassinato. Eles viajaram de Brasília para São Paulo. "Você está brincando!", disseram ambos ao serem informados do caso.
Funcionárias relatam 'choque' com o caso
"Pensei que era trovão", disse funcionária da limpeza, que preferiu não se identificar. Ela contou que estava em outra parte do aeroporto, mas se assustou com a quantidade de disparos. Ela diz ter visto um veículo em alta velocidade deixando o aeroporto — seria o Gol preto usado pelos criminosos e achado horas depois. A mulher afirmou ter ficado chocada com o caso, classificando-o como uma "tragédia".
"Choque é pouco [para definir o que aconteceu]", disseram duas funcionárias que trabalham em um quiosque no saguão do terminal 2. Receosas, elas falaram apenas que o barulho foi realmente muito alto. A poucos metros do local de trabalho da dupla, havia duas marcas de tiros que transfixaram o vidro do saguão.
Outro funcionário da limpeza relatou no sábado que estava em seu primeiro dia de trabalho no aeroporto. Ele, que também preferiu não se identificar, disse ter ficado assustado ao saber que o novo ambiente de trabalho foi palco de um assassinato um dia antes. Todavia, encarou a ocorrência como um caso atípico.
Um terceiro trabalhador explicou que chegou no aeroporto pouco tempo depois dos disparos. O funcionário de uma terceirizada do aeroporto Lucival da Silva, 33, falou que ele e outros trabalhadores do terminal costumam sentar em bancos localizados a poucos metros do local que foi palco do assassinato. "Ainda bem que eu não estava aqui sentado [no momento dos disparos]. Como estava chovendo bastante, acabei pegando trânsito perto do aeroporto e cheguei pouco depois das 16h."
Só que todo mundo entende. É um caso que poderia ter ocorrido aqui, lá fora. Não tem um lugar específico. Como ele [a vítima] estava saindo daqui, então, acho que acharam mais fácil [a localização]. Aqui ele estava mais vulnerável.
Lucival da Silva