Defensor de baleias Paul Watson ficará detido na Groenlândia até 2 de outubro
Nesta quarta-feira (4), os tribunais da Groenlândia prorrogaram a detenção do ativista ambiental Paul Watson até 2 de outubro, enquanto aguardam a decisão do governo dinamarquês sobre um pedido de extradição do Japão em um caso ligado à sua luta em defesa das baleias.
O Japão acusa Paul Watson, 73, de ser corresponsável por danos e ferimentos a bordo de um navio baleeiro japonês em 2010, como parte de uma campanha liderada por sua ONG Sea Shepherd, o que ele nega.
Fundador da Sea Shepherd e da fundação oceânica que leva seu nome, Paul Watson foi preso em 21 de julho em Nuuk, capital do território autônomo dinamarquês, quando estava a caminho com seu navio, o "John Paul DeJoria", para interceptar um novo navio-fábrica baleeiro japonês.
"Ele foi condenado a mais 28 dias de detenção, o que é um escândalo. Estamos desapontados, embora esperássemos essa decisão", disse Lamya Essemlali, presidente da Sea Shepherd France, após a audiência.
Os advogados apelaram da decisão ao Tribunal Superior da Groenlândia.
Pedido de extradição
O ativista americano-canadense foi preso sob um pedido de extradição do Japão, que reiterou seu pedido feito em 2012 por meio de um alerta vermelho da Interpol.
Paul Watson é acusado de ferir um marinheiro japonês no rosto ao jogar uma bomba de cheiro corrosivo - ácido butírico - para obstruir o trabalho dos baleeiros.
Mas para o advogado de Watson, o material de vídeo prova que o membro da tripulação que, de acordo com as autoridades japonesas, foi ferido, nem sequer estava presente quando a bomba foi lançada a bordo.
"O juiz concordou em ver as imagens japonesas, mas se recusou a ver as nossas", disse Essemlali. "Com as imagens deles, não é possível ver onde a bola caiu, ao contrário das nossas".
Um dos advogados de Watson, Jonas Christoffersen, disse que pediria ao Tribunal Superior da Groenlândia para ver a filmagem. "Esse vídeo de cinco segundos mostra que não há marinheiros no convés onde os japoneses afirmam que havia", disse Christoffersen à AFP.
Caberá ao Ministério da Justiça da Dinamarca decidir se extraditará ou não Paul Watson. Ele disse na terça-feira que o pedido formal de extradição estava "sob análise", sem dar um cronograma para sua decisão.
"Este é um procedimento que envolve vários estágios legais, e o Ministério da Justiça está atualmente aguardando a avaliação legal da polícia da Groenlândia e do Diretor de Promotoria Pública", afirmou.
A polícia da Groenlândia ouviu Paul Watson na terça-feira, disse Essemlali. Figura controversa nos círculos ambientais, principalmente por causa de seus métodos considerados agressivos, o ativista obteve a assinatura de 100.000 pessoas em uma petição pedindo sua libertação. No campo político, Paris pediu a Copenhague que não o extraditasse.
Determinação
De sua cela na penitenciária de Nuuk, um moderno prédio cinza ao lado de uma rocha, Paul Watson mostra sua determinação em continuar sua luta.
"Se eles acham que isso vai nos impedir de nos opormos a eles! Eu só mudei de navio, e meu navio atual é o 'Prison Nuuk', declarou ele no final de agosto em uma entrevista à AFP. Os japoneses "querem me usar como exemplo para mostrar que não tocaremos em sua caça às baleias".
Lamya Essemlali, uma fiel apoiadora do ativista, vê essa detenção como uma oportunidade de chamar a atenção para a intransigência japonesa.
"Pelo lado positivo, nunca houve tanta atenção sobre a caça à baleia japonesa e (...) para denunciar o que o Japão está fazendo na Antártica, como o Japão está violando a moratória global sobre a caça à baleia", disse ela.
Watson e sua fundação têm dois barcos, prontos para intervir se uma das potências baleeiras assumir o controle. Junto com o Japão, a Noruega e a Islândia são os únicos países que autorizam a caça às baleias.
Um ex-arpão, Shintaro Takeda, disse em uma entrevista que somente a sorte evitou mortes durante violentos confrontos entre baleeiros japoneses e ativistas da Sea Shepherd há cerca de quinze anos.
(Com AFP)
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