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EUA enviam secretário de Estado a Israel para pressionar por trégua em Gaza

Antony Blinken se encontrará com líderes israelenses na segunda-feira (19), em sua 9ª viagem à região - B. Rentsendorj/Reuters
Antony Blinken se encontrará com líderes israelenses na segunda-feira (19), em sua 9ª viagem à região Imagem: B. Rentsendorj/Reuters

18/08/2024 09h42Atualizada em 18/08/2024 10h17

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, é esperado em Israel neste domingo (18) para uma nova missão destinada a pressionar por uma trégua na Faixa de Gaza, onde a população palestina continua a fugir dos bombardeios israelenses.

No décimo primeiro mês da guerra na Faixa de Gaza, a diplomacia internacional tenta evitar a extensão do conflito, após ameaças de ataques do Irã e de seus aliados contra Israel.

Com isso, o secretário de Estado americano, Antony Blinken, faz a sua nona viagem à região, apesar de as diferenças entre Israel e o Hamas para o estabelecimento de um cessar-fogo continuarem. Ele deve se encontrar com os líderes israelenses na segunda-feira (19).

"O sentimento, especialmente entre aqueles que fizeram parte da mediação em Doha, é que os vários pontos de conflito que existiam antes podem ser ultrapassados — e que o trabalho continuará", disse um funcionário dos EUA que acompanhava Blinken.

Os Estados Unidos, que acabaram de aprovar uma venda de armas ao seu aliado israelense no valor de US$ 20 bilhões, apresentaram uma nova proposta de compromisso na sexta-feira (16), após dois dias de discussões em Doha entre Israel e mediadores americanos, catarianos e egípcios.

Os israelenses disseram estar "moderadamente otimistas" no final das negociações que deverão ser retomadas na próxima semana, no Cairo.

Mas o Hamas, que não participou nas negociações, criticou "a imposição de ditames americanos" e acusou Israel de ter acrescentado "novas condições", incluindo a manutenção das suas tropas na fronteira de Gaza com o Egito e "um direito de veto" sobre prisioneiros palestinos que provavelmente serão trocados por reféns levados para Gaza em 7 de outubro.

"Condições do ocupante"

"A nova proposta americana aceita as condições do ocupante (israelense) e não avança em direção a um acordo", disse um funcionário do Hamas à AFP sob condição de anonimato.

O movimento palestino se recusa a continuar a negociar e quer a aplicação do plano anunciado em 31 de maio pelo presidente norte-americano Joe Biden.

Este plano prevê, numa primeira fase, uma trégua de seis semanas acompanhada por uma retirada israelense das áreas densamente povoadas de Gaza e a libertação dos reféns raptados em 7 de outubro, na sua segunda fase, em particular uma retirada total israelense de Gaza.

Dizer que um acordo de cessar-fogo está "próximo", como disse Joe Biden na sexta-feira, é uma "ilusão", disse o executivo do Hamas, Sami Abou Zohri.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, repetiu que quer continuar a guerra até à destruição do Hamas, no poder em Gaza desde 2007 e considerado uma organização terrorista por Israel, pelos EUA e pela União Europeia.

Para Washington, um cessar-fogo em Gaza ajudaria a evitar um ataque do Irã e de seus aliados contra Israel, após as suas ameaças de retaliação pelo assassinato do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em 31 de julho e do líder militar do Hezbollah libanês, Fouad Chokr, morto no dia anterior num ataque reivindicado por Israel perto de Beirute.

Mais de 40 mil mortos em Gaza

A ofensiva israelense na sitiada Faixa de Gaza deixou pelo menos 40.099 mortos, segundo o Ministério da Saúde do Hamas, que não detalha o número de civis e combatentes mortos.

Além do número de vítimas e da destruição colossal, o conflito causou um desastre humanitário no território palestino ameaçado de fome, segundo a ONU, e "afogado" sob uma montanha de resíduos e escombros, segundo a ONG holandesa de promoção da paz PAX.

A grande maioria dos 2,4 milhões de habitantes foi deslocada.

"Tanques estão se aproximando"

Paralelamente aos esforços diplomáticos, o Exército israelense mantém a pressão militar sobre o Hamas em Gaza e prossegue a sua campanha de bombardeios aéreos e a sua ofensiva terrestre.

No domingo, a Defesa Civil em Gaza relatou 11 mortes em ataques em Jabalia (norte) e Deir al-Balah (centro).

"Essas mulheres e crianças fazem parte da resistência, enquanto dormiam, lutavam, são mulheres e crianças e agora estão no necrotério", disse Ahmed Abou Kheir, uma testemunha do ataque que matou uma mãe e seus seis filhos num atentado que atingiu o apartamento deles em Deir al-Balah.

Segundo imagens da AFP, os palestinos começaram a fugir de um acampamento improvisado na região de Khan Yunis, a pé, de carro, em pick-ups e em carroças, após tanques israelenses terem tomado posições numa colina próxima.

"O fogo de artilharia é incessante e os tanques israelenses não estão muito longe", contou Lina Saleha no campo de deslocados de Al-Mawassi, perto de Khan Yunis. "Os tanques estão cada vez mais perto de nós, isso nos assusta muito, realmente não sabemos para onde ir", declarou.

(Com AFP)

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