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Com servidores federais em greve, Lula participa de ato do 1º de Maio em SP

01.mai.23 - Lula no Vale do Anhangabaú em São Paulo (SP) durante comemoração do Dia dos Trabalhadores - WAGNER VILAS/ESTADÃO CONTEÚDO
01.mai.23 - Lula no Vale do Anhangabaú em São Paulo (SP) durante comemoração do Dia dos Trabalhadores Imagem: WAGNER VILAS/ESTADÃO CONTEÚDO
do UOL

Do UOL, em São Paulo

01/05/2024 04h00Atualizada em 01/05/2024 09h24

O presidente Lula (PT) participa hoje do ato em comemoração ao Dia do Trabalhador, organizado pelas centrais sindicais, em São Paulo.

O que aconteceu

A ida do presidente para capital paulista ocorre no momento em que servidores federais estão em greve há mais de um mês. Professores e técnico-administrativos de universidades e institutos federais pedem por reajuste salarial, reestruturação das carreiras e recomposição do orçamento.

O governo Lula vem sendo criticado pela falta de diálogo com os movimentos de base. Os sindicatos afirmam que o presidente precisa colocar em prática seu discurso de "priorizar a educação".

Pedido dos sindicatos para o dia 1º de Maio é que "Lula receba a educação". "Essa comemoração que o presidente vai fazer é importante. Queríamos de fato que em qualquer evento que ele fosse para realmente valorizar os trabalhadores de maneira geral", afirmou Ivanilda Reis, coordenadora geral da Fasubra (Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil).

A expectativa entre eles é que a data ajude a pressionar o governo a agir sobre o assunto. "Espero que a greve da educação federal não passe despercebida no discurso de Lula", afirmou David Lobão, coordenador nacional do Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica).

Participação de Lula no ato não é vista como problema. "A origem de Lula é o movimento sindical [foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Diadema, em 1975], ele protagonizou greves históricas [de 1978 a 1980], sua presença num evento dessa natureza é compatível com sua história e suas raiz popular", afirma Raquel Nery, diretora do Proifes, federação formada por 11 sindicatos.

Apesar disso, os servidores esperam uma melhor resposta do governo. "Esperamos que a disposição do presidente em participar das atividades desse dia de luta e memória encontre paralelo na abertura em dialogar com as categorias em greve, abrindo margens no orçamento de 2024 para as reivindicações dos trabalhadores", afirmou Gustavo Seferian, presidente do Andes (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior.

O ato das centrais sindicais acontece na zona leste a partir das 10h — Lula é esperado às 12h40. Além do petista, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e ministros do governo são esperados como Cida Gonçalves (Mulheres) e Luiz Marinho (Trabalho). O pré-candidato à Prefeitura de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL) também estará.

Prefeito Ricardo Nunes (MDB) e governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) não vão participar. O emedebista afirmou que irá festas comemorativas nas regiões leste e sul. Apesar de seu partido fazer parte do governo, Nunes se aproximou do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) mirando à reeleição. Tarcísio, por sua vez, é criticado por bolsonaristas quando se aproxima de Lula.

O tema do ato das centrais sindicais para este ano é "Por um Brasil mais justo". "Destaca as pautas emprego decente, correção da tabela do Imposto de Renda, juros mais baixos, valorização do serviço e dos servidores e servidoras públicos, salário igual para trabalho igual e aposentadoria digna", afirmam. O evento é organizado pela CUT, Força Sindical, União Geral dos Trabalhadores, entre outros.

A reportagem procurou a Secretaria de Comunicação e o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, mas não teve retorno. O espaço fica aberto para atualizações.

Greve se estendeu para as universidades

A greve chegou na rede federal de ensino ainda em março. O movimento teve início com os técnico-administrativos e depois ganhou força com a adesão dos professores das universidades e institutos federais.

São ao menos 22 universidades federais em greve, das 69 existentes, e 550 campi dos institutos federais paralisados. Os dados são da Andifes, associação que reúne reitores das universidades, e da Sinasefe, respectivamente.

Os professores reivindicam reajuste salarial de 22% dividido pelos próximos três anos — 7,06% em cada, começando em 2024. Já os técnico-administrativos pedem aumento de 34%, também dividido no mesmo período de tempo.

Proposta apresentada pelo governo foi classificada como "ofensiva" e "decepcionante". Ela previa reajuste 9% de reajuste aos servidores em 2025 — mantendo assim em zero o aumento para esse ano. Para 2026, seriam 3,5% para ambas as categorias.

As categorias aguardam agora uma nova data para reunião de negociação. Segundo os sindicatos, a solicitação era que o encontro ocorre até 3 de maio, mas o governo não retornou o contato.

Para o Proifes, o processo de negociação é uma aposta importante nesse momento. "Nutrimos a expectativa de que o governo responda de forma efetiva às nossas justas reivindicações", afirma Raquel.

Ao longo do dia, os professores também vão participar de atos unificados das centrais sindicais pelo Brasil. "Vamos passar o dia 1º fazendo as nossas reivindicações, estando com as nossas faixas, com as nossas bandeiras, com as nossas palavras de ordem, que é a valorização da educação", diz Ivanilda.

A educação prioritária deve sair do discurso, o governo tem a obrigação de estabelecer a mesa pronta pra negociar constantemente, são milhares de adolescentes e jovens sem aula, buscar solução rápida ora greve deveria ser prioridade.
David Lobão, coordenador do Sinasefe

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