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Entenda por que janeiro costuma ter aumento da taxa de desemprego

Aloísio Maurício/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Imagem: Aloísio Maurício/Fotoarena/Estadão Conteúdo
do UOL

Alexandre Garcia

Colaboração para o UOL, de São Paulo

30/04/2024 17h34Atualizada em 30/04/2024 17h52

Os dados do mercado de trabalho do país divulgados nesta terça-feira (30) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) estão recebendo duas leituras distintas. A taxa de desemprego de 7,9% no primeiro trimestre de 2024 é a menor dos últimos 10 anos para esse período de três meses, mas a comparação com o último trimestre de 2023 mostra um avanço de 0,5 ponto percentual da desocupação. Por isso, há quem entenda que o mercado de trabalho está melhorando e quem entenda que está piorando. Qual interpretação é mais correta?

Entenda a diferença

A distinção entre as duas leituras abre caminho para dúvidas. A comparação com o trimestre imediatamente anterior, no entanto, esconde o bom momento recente do mercado de trabalho. Essa avaliação mostra a 542 novos desempregados, enquanto a análise com o mesmo período do ano passado indica a recolocação de 800 mil trabalhadores.

O movimento sazonal desse trimestre não anula a tendência de redução da taxa de desocupação observada nos últimos dois anos.
Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas Domiciliares do IBGE

As diferentes análises são explicadas pela sazonalidade. Para fugir das eventuais inconsistências, a orientação dos especialistas é sempre analisar as séries dessazonalizadas. Ou seja, somente a comparação com intervalos similares evita conclusões baseadas em tradicionais oscilações de determinados períodos.

Historicamente, o perfil da economia brasileira tem um maior nível de contratação no começo do ano. No meio do ano, fica mais difícil e, no final, geralmente costumamos ter alguns bons meses.
Pedro Lang, especialista da Valor Investimentos

O mesmo efeito ocorre com os dados do Ministério do Trabalho. Divulgado mensalmente, o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) evidencia uma tendência frequente da economia nacional. Desde 2021, os meses de dezembro foram os únicos com mais demissões do que contratações.

Movimento evidenciado pelo volume de desocupados em janeiro. A piora das admissões ao final do ano reflete no aumento da taxa de desemprego no Brasil. Desde o início da série histórica da Pnad, em 2012, a desocupação aumentou em todos os trimestres encerrados no primeiro mês dos anos.

Tendência de alta no primeiro trimestre. Na comparação com os três meses anteriores, o primeiro trimestre também carrega um efeito da sazonalidade, conforme os dados da Pnad. Desde 2012, o desemprego não cresceu no período apenas em 2022, quando a taxa permaneceu estável em 11,1%.

A questão sazonal, que fica mitigada com a comparação de períodos semelhantes de anos anteriores, é crucial para entender o desempenho dos indicadores e fazer previsões precisas. Esse tipo de análise ajuda nas decisões estratégicas, otimiza recursos e melhora as condições de planejamento.
José Carlos de Souza Filho, professor da FIA Business School

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