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Egípcio que atacou militares no Museu do Louvre é condenado a 30 anos de prisão

24/06/2021 17h46

O egípcio Abdalla El Hamahmi, 33 anos, autor de um ataque contra soldados que patrulhavam uma galeria de acesso ao Museu do Louvre em Paris, em 2017, foi condenado nesta quinta-feira (24) a 30 anos de prisão por um tribunal de Paris. Ele deve cumprir imediatamente dois terços da pena, informou o presidente do tribunal, Laurent Raviot, ao ler a sentença após mais de sete horas de deliberações. 

El Hamahmi será fichado por terrorismo e, ao ser libertado da prisão, será extraditado para o Egito. A sentença ainda determina uma interdição definitiva de entrada no território francês. 

Em 3 de fevereiro de 2017, o egípcio avançou, armado com dois facões, contra uma patrulha militar do dispositivo de vigilância francês Sentinela, gritando "Allauh Akbar" (Deus é o maior, em árabe). Um dos militares foi ferido na cabeça. Outros soldados usaram suas armas de serviço e feriram gravemente o agressor, que estava vestido com uma camiseta preta com a representação de uma caveira. 

Durante as audiências de julgamento, ele afirmou que sua intenção inicial era danificar algumas das obras-primas do museu, como a Vênus de Milo e pinturas de Leonardo da Vinci, em protesto contra a política francesa na Síria. O representante comercial, formado em Direito, viajou à França como turista e reconheceu que ficou "surpreso" ao ver soldados patrulhando uma galeria comercial subterrânea que dá acesso ao Louvre. Ele decidiu atacá-los "por reflexo", como "se ele fosse um robô", explicou. 

Inicialmente, o egípcio contestou a autenticidade de um vídeo em que aparecia jurando lealdade ao grupo Estado Islâmico, gravado pouco antes do atentado. Porém, na terça-feira (22), ele acabou admitindo que tentou, em vão, ser recrutado para a organização jihadista no Iraque e na Síria. Sem sucesso nessa empreitada, ele decidiu se voltar contra a França. O grupo EI nunca reivindicou o ataque contra os militares no Louvre.

Os cinco juízes atuantes no julgamento consideraram que a "tentativa de homicídio foi cometida contra titulares de autoridade pública", em uma "ação terrorista". Os magistrados também concluíram que houve premeditação. 

Quando foi anunciado o veredito, que foi simultaneamente traduzido para o árabe por um intérprete, El Hamahmi, que usava uma máscara de proteção facial contra o coronavírus, não esboçou qualquer reação.

"Preparação minuciosa"

Apesar das "contradições" e "zonas cinzentas" no relato do réu, o Ministério Público pediu a pena de 30 anos de prisão contra o advogado egípcio. 

"Os fatos são extremamente graves porque ele percorreu um quarto do globo terrestre para vir [à França] e cometê-los", disse a representante da promotoria durante seu requerimento de uma hora na manhã desta quinta-feira. "Ele preparou seu ato minuciosamente durante muitos meses e em nenhum momento, apesar das oportunidades que surgiram, ele desistiu", disse a promotora. "Não há dúvida" de que o acusado continua "até hoje a aderir à violenta ideologia islâmica", acrescentou a representante da acusação.

Em suas alegações, os advogados de defesa tentaram traçar a imagem de um homem que "tinha mais vontade de morrer do que de matar". O seu objetivo não era cometer um massacre, mas sim destruir as obras e, para isso, estava disposto a "morrer como um mártir", alegou o advogado François Gagey.

Na sentença, o presidente do tribunal considerou que se "o projeto criminoso" de El Hamahmi "dizia respeito" à agressão de pessoas, ele "não era incompatível com a sua vontade de degradar obras no interior do museu".

Com informações da AFP

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