Veneza tem maior inundação em mais de 50 anos
Segundo dados da Prefeitura, o fenômeno da "acqua alta" ("água alta", em tradução livre) atingiu, às 22h40, 187 centímetros acima do nível médio da água no centro histórico da cidade. A medição é feita por sensores instalados na Punta della Dogana, na margem oposta à Praça San Marco.
Essa é a segunda maior enchente já registrada em Veneza, atrás apenas dos 194 centímetros marcados na inundação de 4 de novembro de 1966. A Prefeitura deve declarar estado de calamidade na cidade.
No início da noite, 82% do solo do centro histórico estava debaixo d'água. A Praça San Marco, ponto mais alagável da capital do Vêneto, está submersa por um metro de água. Apenas barcos da Polícia Municipal e da Proteção Civil circulam pela região.
"É um desastre, desta vez precisaremos contabilizar os danos", disse o prefeito Luigi Brugnaro, após fazer uma inspeção no centro histórico veneziano. A água chegou a invadir algumas partes da Basílica de San Marco, e especialistas temem danos provocados pelo sal na estrutura.
As enchentes são causadas pelas chuvas torrenciais que atingem o norte da Itália desde o fim da semana passada. Segundo Brugnaro, todas as escolas do centro histórico e das ilhas ficarão fechadas nesta quarta-feira (13).
"Precisamos ficar unidos para enfrentar os evidentes efeitos das mudanças climáticas. Amanhã esperamos um novo pico, as pessoas precisam ficar em casa", alertou o prefeito.
Crise climática - Em 2018, o centro histórico de Veneza já havia batido seu recorde anual de inundações. Segundo dados oficiais, a "acqua alta" se repetiu 121 vezes ao longo do ano passado, quase o dobro do número verificado em 2017.
Estudos apontam que a capital do Vêneto, uma das joias turísticas da Itália, está ameaçada pelas mudanças climáticas e pela contínua erosão do solo lagunar, especialmente em função da passagem de grandes navios.
Atualmente, a Prefeitura constrói o chamado "sistema Mose", uma rede de barreiras para proteger a cidade de inundações. Já envolvida em escândalos de corrupção, a obra começou em 2003, mas caminha a passos lentos e deve ser concluída apenas em 2021.
"Pedimos ao governo que participe e entenda em que nível está o Mose, porque arriscamos não conseguir mais", cobrou o prefeito Brugnaro. (ANSA)
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