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Mianmar boicota reunião da ASEAN e agrava seu su isolamento

26/10/2021 08h07

Bandar Seri Begawan, Brunei, 26 Out 2021 (AFP) - A junta militar que governa Mianmar boicotou a reunião de cúpula de países do sudeste asiático iniciada nesta terça-feira (26), depois que seu comandante foi excluído do encontro, em um passo a mais no isolamento do regime que assumiu o poder em um violento golpe de Estado.

O encontro virtual de três dias da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) terá a participação do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, assim como de autoridades da China e Rússia.

A situação em Mianmar tem destaque na agenda, consequência do caos no país desde que os militares assumiram o controle do país em fevereiro, com uma repressão extremamente violenta dos dissidentes.

A ASEAN estabeleceu um plano para restaurar a paz em Mianmar, mas persistem as dúvidas sobre se a junta militar estaria disposta a acatar.

A recusa a permitir que um enviado especial se reúna com a ex-governante civil deposta, Aung San Suu Kyi, levou o bloco a excluir o comandante da junta, Min Aung Hlaing, da reunião.

O golpe acabou com um breve período democrático em Mianmar. A face mais visível do governo civil e vencedora do prêmio Nobel da Paz, Suu Kyi, enfrenta uma série de acusações judiciais que podem resultar em décadas de prisão.

A líder de 76 anos, uma pedra no sapato dos generais durante anos, deveria prestar depoimento nesta terça-feira em uma audiência fechada em um tribunal, sem a presença da imprensa.

A exclusão de Min Aung Hlaing foi uma decisão sem precedentes de uma organização que é criticada com frequência pela falta de iniciativa.

A junta militar criticou a decisão da ASEAN, que considerou um rompimento na política da associação de não interferir nos assuntos do Estados membros.

O bloco de 10 países convidou para a reunião Chan Aye, diretor geral do ministério das Relações Exteriores do governo militar.

Mas um porta-voz da junta explicou na segunda-feira que enviar uma pessoa de cargo menos elevado poderia "afetar a imagem e a soberania do país", e por isso nenhum representante foi enviado.

Na abertura da reunião, um telão mostrou os governantes presentes, com a palavra "Mianmar" onde devia estar o representante do país.

O primeiro-ministro de Singapura, Lee Hsien Loong, lamentou a situação "lenta" desde o golpe de Estado em Mianmar.

"Isto tem consequências reais para o povo de Mianmar e a credibilidade da ASEAN como uma organização com regras", afirmou a reunião organizada por Brunei.

Alguns analistas elogiaram a decisão do bloco de excluir o chefe da junta birmanesa, mas outros não acreditam em medidas mais severas, como a exclusão do país.

A reunião abordará outras questões como a situação no Mar da China Meridional, foco de disputas entre a China e vários países da ASEAN, e a pandemia de coronavírus.

O encontro acontece em Brunei, mas em grande parte é celebrado de forma virtual devido às dificuldades de mobilidade pelo vírus.

O presidente americano Joe Biden participará em um encontro entre Estados Unidos e a ASEAN, assim como em outra reunião com mais líderes mundiais na quarta-feira, que incluirá o primeiro-ministro chinês Li Keqiang.

Esta é a primeira vez em quatro anos que um presidente americano participa em uma reunião da associação. Biden busca apoios contra a crescente influência da China.

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