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Em SP, internações por covid crescem em 3 dias e apontam tendência de alta

08.04.2021 - Paciente que chega de ambulância ao Hospital Estadual Vila Alpina (HEVA), zona leste da cidade de São Paulo  - Ettore Chiereguini/Estadão Conteúdo
08.04.2021 - Paciente que chega de ambulância ao Hospital Estadual Vila Alpina (HEVA), zona leste da cidade de São Paulo Imagem: Ettore Chiereguini/Estadão Conteúdo
do UOL

Leonardo Martins

Do UOL, em São Paulo

06/05/2021 04h00Atualizada em 06/05/2021 09h02

Após algumas semanas de tendência de estabilidade, as internações por covid-19 no estado de São Paulo voltaram a crescer nos últimos três dias, revelam os dados levantados pela plataforma Infotracker, da Universidade de São Paulo, a pedido do UOL. Os matemáticos do grupo utilizam os números disponibilizados pelo governo de São Paulo.

Desde a última segunda-feira (3), a curva de internações tem registrando aumento todos os dias. O maior deles aconteceu na terça, quando 128 pessoas deram entradas nos leitos intensivos de hospitais paulistas.

Embora este não seja um aumento sustentado -- o que dependeria de vários dias de elevação para confirmação -- já se tem a inversão de tendência da curva de internados, que decresceu ao longo de abril e agora, após a reabertura com a fase de transição do Plano São Paulo, voltou a ascender."
Wallace Casaca, matemático da USP

Conforme explica o matemático da Universidade de São Paulo Wallace Casaca, que acompanha os dados esses números desde o começo da pandemia, esse cenário costuma ser o esboço de um agravamento da pandemia.

Segundo o governo de São Paulo, a taxa de ocupação dos leitos de UTI está em 78,3% no estado e 76,4% na Grande São Paulo. O porcentual passou de 90% entre março e abril. No total, 10.235 pessoas estão internadas em terapia intensiva atualmente — no dia 1º de abril, eram mais de 13 mil.

Flexibilizações à vista mesmo com aumento de casos

O estado de São Paulo voltou a apresentar crescimento na média diária de novos casos depois de apenas uma semana de queda. Nesse cenário, o governador João Doria (PSDB) não descarta flexibilizar ainda mais os serviços não essenciais na próxima sexta-feira.

Ontem, em coletiva no Palácio dos Bandeirantes, Doria afirmou que haveria "boas notícias" quanto aos indicadores da pandemia. Os dados da secretaria estadual da Saúde, porém, apontaram que o número diário de novos casos subiu para 12.887 na última semana —aumento de 2,5% em relação à semana anterior.

Eu devo dizer, baseado nas informações do Centro de Contingência, que estamos otimistas com relação à evolução do processo. Evolução positiva do Plano SP migrando talvez para uma fase menos restritiva, mas só teremos a confirmação definitiva de fato na sexta-feira."
João Doria (PSDB), governador

O aumento no número de novos casos se dá pouco mais de duas semanas depois da implementação da fase de transição do Plano São Paulo. Na semana passada, o estado comemorou pela primeira vez em dois meses a queda em todos os indicadores.

Para o Centro de Contingência do Coronavírus, os dados podem conter represamento (quando não há demora no registro) e indicam mais estagnação que retrocesso.

dsa - Divulgação/Governo do Estado de São Paulo - Divulgação/Governo do Estado de São Paulo
Médias diárias de casos, internações e óbitos medidas desde o último domingo (2) em São Paulo
Imagem: Divulgação/Governo do Estado de São Paulo

A chamada fase de transição foi anunciada em 16 de abril depois de mais de um mês nas fases vermelha e emergencial, às quais o governo e o Centro de Contingência creditam as quedas apresentadas até a última semana. Nesta etapa atual, que vigora nesta semana, as regras se assemelham muito à fase laranja do Plano SP, menos rigorosa do que as anteriores.

'Exame mais profundo' dos números

O Centro de Contingência, que aconselha o governo quanto às decisões do plano, não vê com bons olhos a ampliação das flexibilizações. "Posso dizer que o fato de haver um aumento ainda requer um exame mais profundo. porque existe o atraso das notificações de caso", argumentou ontem durante a coletiva o médico Paulo Menezes, coordenador do comitê.

Neste momento, a situação é de estabilidade naquela queda que estávamos acompanhando. Houve uma estabilidade. Esta semana é decisiva para a gente saber se vamos continuar com essa decisão."
Paulo Menezes, coordenador do Centro de Contingência

João Gabbardo, coordenador-executivo do Centro, também afirmou que os dados precisam ser avaliados com mais calma, mas adiantou que "não indicam que haja necessidade de fazer qualquer retrocesso no nosso plano".

Esses indicadores dessa semana simplesmente mostram que houve uma redução na queda que estávamos apresentando. Eles indicam, para que a população entenda, que estamos ainda no enfrentamento de uma situação muito grave."
João Gabbardo, coordenador-executivo do Centro de Contingência

À Folha de S.Paulo, especialistas disseram que a alta de casos acendeu uma luz amarela, de alerta.

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